A Proteção Civil divulgou esta quinta-feira a lista com o nome, e a origem, das vítimas dos últimos incêndios de outubro. Estão confirmadas 45 mortes maioritariamente nos distritos de Castelo Branco, Coimbra, Guarda, Leiria e Viseu. Ainda há dois desaparecidos, que são tidos como oriundos de Folgosinho, Guarda, e da Sertã, Castelo Branco.

“A Autoridade Nacional de Proteção Civil e o Instituto Nacional de Medicina Legal e Ciências Forenses (INMLCF), em articulação com a Polícia Judiciária (PJ), a Guarda Nacional Republicana (GNR) e o Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), confirmam a ocorrência de 45 óbitos no quadro dos incêndios florestais que afetaram Portugal, entre 15 e 16 de Outubro, os quais incidiram maioritariamente nos distritos de Castelo Branco, Coimbra, Guarda, Leiria e Viseu, e cuja causa de morte e relação com os incêndios se encontram em investigação”, lê-se no comunicado.

Segue-se a lista completa divulgada pela Proteção Civil, sendo que o asterisco diz respeito aos hospitais onde as vítimas deram entrada:

Arlindo Santos Marques – Arganil

Arlindo Marques tinha 67 anos e, segundo o Correio da Manhã, estava a dormir em casa, em Poços, quando foi surpreendido pelas chamas. Pedreiro reformado, foi encontrado morto na cama, depois de as chamas terem consumido a sua casa.

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António Borges de Almeida – Arganil

Segundo o Correio da Manhã, António Almeida tinha 71 anos e morreu em Póvoa de Cerdeira ao tentar tirar o carro do local onde estava, na sequência da aproximação das chamas.

Fernando Manuel Antunes Almeida – Arganil

Fernando Almeida tinha 58 anos e era invisual. Morreu ao tentar salvar o rebanho de cabras que tinha em Cerdeira, Arganil. Ficou para trás e foi apanhado pelo fumo, contam familiares àquele jornal.

Fausto Albino de Almeida Lopes – Arganil

Fausto Lopes, de 60 anos, era irmão do deputado da CDU e ex-candidato à Presidência da República Francisco Lopes. De acordo com o Correio da Manhã, Fausto sofria de insuficiência respiratória e não resistiu ao fumo.

António Lopes de Jesus – Carregal do Sal

Morreu enquanto fugia de mota em Papízios, Carregal do Sal.

Maria da Graça Viegas Ferreira Costa – Oliveira do Hospital, e morreu no hospital em Coimbra

António Peres Costa – Oliveira do Hospital, e morreu no hospital em Coimbra

António Nunes Batista Ferreira – Penacova, e morreu no hospital em Coimbra

João Fernando Tavares Nascimento – Tábua, e morreu no hospital em Viseu

Tinha 48 anos e terá ficado gravemente ferido a tentar salvar a casa com o filho, em Midões. Morreria no hospital, em Viseu. Segundo informação recolhida no local pelo Observador, João era conhecido por “Vermelho”. O filho, André “Vermelho”, de 23 anos, encontra-se em coma induzido no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra.

João Paulo Fonseca da Luz – Nelas

Tinha 50 anos e, segundo o Correio da Manhã, morreu em Nelas quando seguia de mota a tentar fugir do fogo. A mota ficou destruída e o condutor carbonizado.

Álvaro Ferreira da Cal – Oliveira de Frades

79 anos. De acordo com o Correio da Manhã tentou salvar os cães que tinha num anexo, mas não sobreviveu às chamas.

Cidadão estrangeiro – Oliveira do Hospital (foi feito um pedido de não-divulgação da identidade pelos familiares).

Pedro Luís Ribeiro Pereira Neves – Oliveira do Hospital

Tinha 45 anos, morreu em Nogueira do Cravo.

João André Pires Costa – Oliveira do Hospital

Paulo Alexandre Pires Costa – Oliveira do Hospital

João e Paulo Pires Costa eram irmãos, de 29 e 34 anos, respetivamente. O mais novo, João, estava casado há apenas três meses e era cortador de moldes. Paulo era camionista e pai de dois filhos, um menino de 7 anos e uma menina de 10. Os dois iam em socorro do avô, de 80 anos, mas acabaram por morrer enquanto tentavam lá chegar.

Maria Celeste Neves Alves – Oliveira do Hospital

Tinha 70 anos, tinha pouca mobilidade e ficou em casa quando as chamas chegaram. Morreria carbonizada em casa.

Ramiro Machado Marques Faria – Oliveira do Hospital

Ramiro tinha 76. Morreu em Quintas de São Pedro, na união de freguesias de Penalva de Alva e São Sebastião da Feira.

Cristiana Maria Gouveia de Brito – Oliveira do Hospital

Tinha 40 anos e fugia com o marido e a filha. O pai conseguiu entregar a filha aos bombeiros, com grande parte do corpo queimado, e a mãe acabaria por ser encontrada morta em São Gião, segundo o Correio da Manhã.

Maria Rosa de Lurdes Gouveia Casimiro Marques – Oliveira do Hospital

Maria Fernanda Tavares Tomás Augusto – Oliveira do Hospital

Tinha 54 anos, morreu em Cabeçadas, freguesia de Lourosa.

Izilda Freire Mendes Garcia – Oliveira do Hospital

José Américo Marques Simões – Penacova/Coimbra

Alfredo António Marques Simões – Penacova/Coimbra

Mais dois irmãos, de 38 e 41 anos, respetivamente. Morreram dentro de um armazém quando tentavam salvar a apicultura em Vale Maior, Penacova. Ambos eram engenheiros, trabalhavam em Coimbra, e tinham filhos. Foram as primeiras vítimas de que o país ouviu falar nos incêndios que devastaram o centro e norte do país no último domingo.

José e Alfredo viviam durante a semana em Coimbra – onde geriam alguns negócios de família –, visitando Vale Maior no fim-de-semana. No domingo, quando perceberam que o incêndio se aproximava do armazém onde guardavam o material usado na produção do mel, desceram o vale e tentaram combater o fogo. Não só não conseguiram como perderam a vida no local, morrendo a tentar abraçar-se. “O pai estava lá perto, só não morreu porque não calhou”, contou em Vale Maior ao Observador Pedro Coimbra, amigo de um dos irmãos.

Penacova. Os dois irmãos que morreram a tentar abraçar-se

Almerinda Pinheiro Fernandes – Penacova

Tinha 65 anos e estava a fugir de casa em Lagares quando foi surpreendida pelas chamas.

Virgílio Costa Gomes – Sta. Comba Dão/Setúbal

Ermelinda de Jesus Alves Gomes – Sta. Comba Dão/Setúbal

Virgílio e Emerlinda eram marido e mulher, eram de Setúbal e estavam de visita à terra. Terão morrido carbonizados quando fugiam das chamas.

Manuel Ferreira de Matos – Sta. Comba Dão

Jaime Neves Ferreira – Sta. Comba Dão

Segundo o Correio da Manhã, Manuel e Jaime tinham ambos cerca de 50 anos e morreram juntos quando fugiam das chamas.

José Ferreira – Sta. Comba Dão

Maria Ângela Brás Domingues – Pampilhosa da Serra

António Manuel da Trindade Beilão – Seia

Milene Raquel Rosado Bicho – Seia

António Beilão e Milene Raquel Bicho, de 46 e 30 anos, tinham deixado a casa na aldeia de Cide, em Seia, mas quando deixaram os dois filhos menores, de 2 e 8 anos, em segurança, voltaram para trás para recuperar os bens. O carro, contudo, acabaria por se despistar já no regresso, conta o CM. O corpo da mulher seria encontrado carbonizado ao volante, sendo que António ainda saiu do carro mas caiu inanimado junto à berma.

Maria Hermínia Miranda Vaz Pereira – Tábua

José Batista Gonçalves Pereira – Tábua

José Batista e Hermínia Batista morreram a tentar chegar a uma casa, na Quinta da Barroca, em Tábua. O casal de septuagenários fora confundido com um casal com o mesmo nome: os avós da bebé Vitória que chegou a integrar a lista das vítimas mortais. Mais tarde, a Proteção Civil confirmou que a bebé estava viva e o jornalista do Observador Pedro Rainho encontrou-a “enrolada numa manta polar, ao colo da mãe”. José e Hermínia morreram a poucos metros da casa da bebé Vitória.

Fogos. A história de Vitória, a bebé que afinal não morreu

Amélia Antunes dos Santos Nascimento – Pinhel/A25

Maria Fernanda Jesus Fernandes – Sever do Vouga/A25

Tinha 50 anos, era professora, e morreu num acidente na A25, em Vouzela, depois de chocar contra um carro em contramão.

Hermínio Lopes – Tondela

Hermínio da Silva Romão – Tondela

Maria Rosa de Jesus – Vouzela

Maria Rosa de Jesus tinha 93 anos. Morreu numa estrada próxima da aldeia, depois de as labaredas terem impedido que o carro em que tentava escapar de Vila Nova da Ventosa com a filha avançasse. A filha ainda conseguiu fugir, mas Maria Rosa perdeu-se e ficou para trás. O corpo foi encontrado na segunda-feira de manhã.

Sozinhos no meio das chamas: quando a água acabou, apagaram o fogo com mosto

Jorge Manuel Marques do Vale – Vouzela

Jorge do Vale, de 51 anos, era natural da aldeia de Quintela, freguesia de Queirã, mas vivia atualmente no Luxemburgo, onde era emigrante. Morreu na localidade vizinha de Igarei, em Queirã.

Arminda de Jesus Lourenço – Vouzela

Fernando de Jesus Lourenço – Vouzela

Laurinda dos Anjos Lourenço – Vouzela

Fernando, de 70 anos, e Laurinha, de 64, eram casados. Arminda, de 79 anos, era irmã de Fernando. Morreram todos na mesma casa. Os vizinhos ouvidos pelo jornalista do Observador acreditam que os três perderam a vida nos quartos, a dormir, sem se terem apercebido que o incêndio se aproximava da casa onde habitavam.

Abílio Rodrigues Moita – Vouzela

81 anos. O corpo, carbonizado, foi encontrado em casa depois de os vizinhos terem dado pela sua ausência no rescaldo dos incêndios. Residia na aldeia de Covelo, freguesia de Ventosa.

Ulrich Welte – Seia, e morreu no hospital do Porto

A facto de a Proteção Civil ter divulgado o nome das vítimas apenas dez dias depois da tragédia difere muito do modo de atuação no caso da tragédia anterior, de Pedrógão Grande. Nessa altura, a polémica em torno do número oficial de mortos foi muita, e teve de ser a Procuradoria Geral da República a divulgar a lista de mortos mais de um mês depois, a 25 de julho (os fogos foram a 17 de junho). Aliás, no relatório independente encomendado pelo Ministério da Administração Interna ao professor Xavier Viegas, do Centro de Estudos sobre Incêndios Florestais da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, foi omitido do domínio público o capítulo correspondente às vítimas. “O conteúdo deste capítulo, por motivos relacionados com a Proteção de Dados Pessoais, será disponibilizado oportunamente, logo que seja tornado anónimo”, lia-se.

No comunicado da Proteção Civil esta quinta-feira divulgado, sobre os incêndios de outubro, contudo, não são explicitadas as condições e as causas em que decorreram as mortes, lendo-se apenas que a lista compreende as vítimas mortais “removidas dos locais onde foram encontradas e também as que faleceram posteriormente nas unidades hospitalares”.