Os países emergentes da Ásia, incluindo a China, Índia e as economias do Sudeste Asiático, vão crescer 6,4% este ano, acima de 1,1% na América Latina e de 3,4% em África, afirmou esta terça-feira a OCDE. As previsões constam do relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico intitulado “Prognóstico económico para o Sudeste Asiático, China e Índia: promovendo o crescimento através da digitalização”, apresentado terça-feira em Manila, nas Filipinas, no âmbito da cimeira da Associação de Nações do Sudeste Asiático.

“Em 2017, prevê-se que o crescimento na China e na ASEAN se mantenha devido a um renovado e robusto consumo doméstico, enquanto se antecipa que o crescimento na Índia desacelere ligeiramente devido às reformas fiscais e monetárias”, detalha Mario Pezzini, assessor especial da OCDE no documento.

Segundo o relatório, a rápida normalização da política monetária nos países desenvolvidos, o crescimento da dívida do setor privado e as expansivas restrições comerciais são os principais riscos para o crescimento. A OCDE prevê que a economia chinesa cresça 6,8% em 2017 – abaixo da média de 7,9% que a segunda potência mundial registou entre 2011 e 2015 -, prognosticando ainda um abrandamento do crescimento até 6,2% para o período 2018-2022.

A OCDE atribui a moderação do crescimento chinês a problemas de capacidade e vulnerabilidade do mercado financeiro, ao passo que o consumo privado, os investimentos e as exportações manter-se-ão em alta. Já o Produto Interno Bruto da Índia vai aumentar 6,6% este ano – contra 7,1% em 2016 -, enquanto a projeção para o período 2018-2022 é de 7,3%.

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O relatório avalia ainda positivamente a liberalização em algumas indústrias indianas, apesar de alertar que “maus ativos” nos bancos podem limitar a procura. No caso da ASEAN, a OCDE prognostica para este ano um aumento de 5,1% do PIB do bloco regional e de 5,2% para o período 2018-2022.

Myanmar, com 7,2%, é o país que mais vai crescer no seio do bloco de dez nações, seguindo-se o Camboja (7,1%), Laos (6,9%), Filipinas (6,6%), Vietname (6,3%), Malásia (5,5%), Indonésia (5%), Tailândia (3,8%), Singapura (3,2%) e Brunei, com crescimento zero.

A ASEAN, que este ano celebra o seu 50.º aniversário, ainda deve fazer mais progressos na eliminação de impostos comerciais, digitalizar a sua economia, liberalizar serviços e permitir o movimento de profissionais para avançar rumo à sua integração efetiva”, de acordo com a OCDE.

O organismo multilateral realça a importância da digitalização da economia asiática, com a emergência do desenvolvimento de ‘software’ no Vietname, o setor de serviços na Internet nas Filipinas ou o pagamento digital na China. Contudo, assinala que a Internet, pré-requisito para a digitalização, tem uma presença desigual na região: desde 81% em Singapura a 22% no Laos. “A promoção do crescimento inclusivo através da digitalização exige reformas nas políticas de comércio e investimento, o desenvolvimento de infraestruturas e que se enfrentem os desafios do mercado laboral”, de acordo com o relatório da OCDE.