A presidente do CDS-PP, Assunção Cristas, defendeu esta quarta-feira que a ida do Infarmed para o Porto é “uma decisão isolada e um pouco errática”, que pode nem ter “o efeito desejado” de uma estratégia de descentralização pensada.

“É uma matéria em que nós, mais uma vez, vemos uma decisão isolada e um pouco errática por parte do Governo”, começou por dizer Assunção Cristas frisando concordar “com uma estratégia de descentralização”.

Para a líder centrista, há uma diferença entre uma decisão feita de “forma pensada, estruturada, obedecendo a uma estratégia, com tempo e com diálogo”, que “pode parecer muito bem” e “uma medida isolada, em jeito de uma espécie de compensação pela EMA [Agência Europeia do Medicamento] não ir para o Porto, num processo em que o Governo não esteve bem”.

“Então, parece-nos que é um bocadinho emendar a mão. Pode nem sequer surtir o efeito desejado, e desde logo, com uma falta que parece clara de comunicação interna atempada”, defendeu.

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Assunção Cristas respondia a uma pergunta dos jornalistas sobre a ida do Infarmed para o Porto, durante uma visita à iniciativa “Portugal Exportador”, em Lisboa.

Por seu turno, o presidente do PSD, Pedro Passos Coelho, afirmou que o partido não se opõe à “intenção” do Governo de transferir o Infarmed para o Porto, mas considera ser medida “desgarrada” para compensar trabalho “mal feito” quanto à Agência Europeia do Medicamento.

“Aquilo que parece, julgo que é aquilo que é: o Governo trabalhou mal a candidatura do país para vir a ficar com a agência do medicamento que saiu do Reino Unido. Uma vez que Portugal, infelizmente perdeu essa candidatura, honrosamente mas perdeu, o governo quis ter um gesto de compensação”, afirmou Passos Coelho.

O líder do PSD disse que o partido também foi surpreendido pelo anúncio, feito na terça-feira pelo ministro da Saúde, de que a sede da autoridade nacional do medicamento vai ser mudada de Lisboa para o Porto, uma mudança a ocorrer a partir de 1 de janeiro de 2019.

A comissão de trabalhadores daquele organismo manifestou-se surpreendida com a decisão e convocou um plenário.

O Infarmed é um organismo central com jurisdição sobre todo o território nacional que até agora tem funcionado com a sede no Parque da Saúde, em Lisboa.

A missão do Infarmed é “regular e supervisionar os setores dos medicamentos, dispositivos médicos e produtos cosméticos, segundo os mais elevados padrões de proteção da saúde pública, e garantir o acesso dos profissionais da saúde e dos cidadãos a medicamentos, dispositivos médicos, produtos cosméticos, de qualidade, eficazes e seguros”, segundo informação no site do organismo.