Foi o Congresso da viragem do PSD. Depois de mais de um mês em suspenso, com um líder demissionário e um líder eleito mas não em funções, o PSD virou a página. Rui Rio está em plenas funções, tem equipa nova (muito contestada), tem um adversário assumidamente à espreita, Luís Montenegro, e tem um discurso sem propostas concretas: para dentro, diz que Bloco Central é coisa que “não existe nem existirá”; para fora, diz ao PS que está inteiramente disponível para dialogar em matérias “estruturantes”. Podia ter sido o Congresso da união, com o derrotado Santana Lopes a conseguir metade dos lugares na lista oficial de Rui Rio ao Conselho Nacional, o plenário do partido. Todos felizes? Nem por isso. Houve gente amuada e desiludida, e houve ausências. Houve também uma despedida de peso. Houve vencedores e vencidos. Por isso, vamos aos prémios.

Rui Rio, prémio “Laranja de Ouro (ou será prata?)”

Ganhou mas cedeu. Em nome da unidade, Rui Rio entrou no Congresso do PSD, na sexta-feira, pela porta lateral e com Pedro Santana Lopes pela mão. Era a cedência em nome da unidade: os dois, vencedor e vencido, viriam a fazer listas conjuntas para os órgãos nacionais, acabando por eleger 34 dos 70 conselheiros nacionais. Mas as escolhas que, a título individual, fez para a direção do partido foram polémicas e valeram-lhe o chumbo de um terço dos congressistas: 35% votaram em branco. Feitas as contas, Rui Rio sai do congresso com uma direção legitimada a 65%, mas com um adversário à espreita e com as estruturas que o apoiaram desiludidas, e zangadas. Esta semana pode ter o seu primeiro teste, com a eleição do novo líder parlamentar: Rio escolheu Fernando Negrão, mas pode estar em marcha uma pequena rebelião na bancada do PSD que não vai facilitar a eleição.

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Nas duas intervenções que fez ao Congresso, Rio deixou claro que o PSD vai ter um tom diferente do PSD de Passos Coelho: mais do que atacar o PS de António Costa, vai apresentar-se como interlocutor. Na sexta-feira, descansou os congressistas ao dizer que a questão de formar um bloco central com o PS não estava a ser equacionada, até porque o PS nem tinha ganho eleições, mas no domingo, poupou-se a críticas ao Governo. No seu primeiro discurso enquanto líder, fez um diagnóstico exaustivo dos problemas do país, mas não apresentou propostas para os solucionar. Apenas desafios ao PS para os selecionarem em conjunto.

Leva o prémio dos prémios, pelos motivos óbvios. As provas de fogo começam agora: 2019 vai ser ano de muitas eleições. E todos esperam para ver.

[Veja as 15 cenas mais caricatas do congresso neste vídeo de 110 segundos]

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Luís Montenegro, prémio “Melhor Vilão”

O ex-líder parlamentar do PSD vai ser a némesis de Rui Rio nos próximos dois anos. Se dúvidas houvesse sobre as pretensões de Luís Montenegro ao trono do PSD, o social-democrata fez questão de as desfazer quando subiu ao púlpito do congresso. “Se algum dia entender [avançar para a liderança do PSD]’, não vou pedir licença a ninguém”. Assim mesmo, sem rodeios. BAM! POW! BANG! Se o Congresso do PSD fosse uma B.D., a tirada de Montenegro seria acompanhada por um riso maléfico e um virar de capa dramático. “Muahahaha!”.

Numa intervenção muito dura para o novo líder do PSD, o discurso de Luís Montenegro teve contornos quase cruéis para Rui Rio, o homem que esteve “10 anos à espera para disputar a liderança do PSD, entre desejos alternantes de ser primeiro-ministro e Presidente da República”. Luís, que até tem um apelido digno de vilão, não o disse, mas o alvo era Rio e Rio tinha de saber:  “Em matéria de coragem e autenticidade não levo lições de ninguém”. BAM!

E como a qualquer vilão que se preze não pode faltar uma saída teatral, Montenegro trazia uma na manga: o ex-líder da bancada parlamentar do PSD anunciou que ia deixar a Assembleia da República a 4 de abril, mantendo-se apenas como comentador político. Ao bom estilo de Santana Lopes, o “vou andar por aí” de Montenegro fez correr um vento gélido entre os apoiantes de Rio. Será, a partir de agora, a sombra de Rio, por muito que Montenegro jure o contrário. Numa última provocação, ainda sugeriu ao novo líder do PSD que não tivesse medo da sombra. “A sombra só incomoda os fracos. Mas eu sei que Rui Rio é forte”. Será? BANG!

[Veja no vídeo o best of do Carpool especial com Luís Montenegro a caminho do congresso]

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Santana Lopes, prémio “Melhor Dupont”

Foi um dos momentos da campanha interna do PSD: a 13 de janeiro, no primeiro frente-a-frente entre Rui Rio e Pedro Santana Lopes, o ex-presidente da Câmara de Lisboa acusou o adversário de ser um gémeo de António Costa. “São quase siameses, o Dupond e Dupont és tu e o doutor António Costa“, chegou a dizer Santana, quase “nocauteando” Rui Rio.

A agilidade de boxeur de pouco lhe valeu. Santana perdeu as eleições e quis fazer parte da solução. Aceitou encabeçar a lista conjunta para o Conselho Nacional do PSD e subiu ao púlpito do Congresso para pedir (e repetir, repetir, repetir…) “convergência”, “sentido de responsabilidade” e “união” em torno de Rio. Tanto repetiu que às tantas já parecia ele o Dupont do Dupond Rio.

Apelos da praxe, ainda assim, e que se pedem a qualquer candidato derrotado. Mas Santana foi mais longe: não só saiu em defesa de Rio, criticando aqueles que o tentaram “condicionar” entre cartas e entrevistas, como exigiu que abandonassem  o “clima de guerra” e o “chico-espertismo”. O que não deixou de ser uma pequena vingança pessoal de Santana: quando muitos falavam da bancada, foi o único a ter coragem de enfrentar Rio. Santana perdeu e Rio ganhou o “direito” de liderar o PSD. Os outros vão ter de esperar.

Miguel Pinto Luz, prémio “Carta dos Toranja”

Não falei contigo
com medo que os montes e vales que me achas
caíssem a teus pés…
Acredito e entendo
que a estabilidade lógica
de quem não quer explodir
faça bem ao escudo que és…

De Miguel Pinto Luz para Rui Rio (com amor).

A primeira estrofe da canção “Carta”, dos Toranja, podia ter sido escrita por Pinto Luz para o líder do PSD — pelo menos à luz do que prometeu que iria fazer e do que acabou por fazer quando pisou o palco do Congresso. É que, na semana antes do Congresso, o ex-líder da distrital de Lisboa e vice-presidente da câmara de Cascais endureceu como nenhum outro o tom contra Rui Rio ao escrever uma carta com um autêntico caderno de encargos e linhas vermelhas que o líder do PSD não podia ultrapassar. Pinto Luz, nome desconhecido do grande público mas que é uma aposta quase pessoal de Miguel Relvas para o futuro do PSD, exigia clarificação sobre uma dezena de matérias que a moção de estratégia do líder não esclarecia, e punha a fasquia de ganhar eleições em 2019 como condição para Rui Rio se vir a manter na liderança.

Por isso a sua chegada ao palco do Congresso era consideravelmente aguardada. Olhos postos em Pinto Luz, Rui Rio a assistir na primeira fila e…nada. Pinto Luz pediu uma vitória a Rio em 2019 e disse que o partido devia liderar as reformas que o país precisa. O mais longe a que chegou foi dizer que, ao contrário do que Rio apregoa, não vê “necessidade de recentrar” o partido.

Portanto, Miguel Relvas ainda terá de esperar (muito) até que uma vaga de fundo surja em torno deste ex-líder do PSD Lisboa.

Elina Fraga, prémio “Limão No Laranjal”

Não é laranja, mas limão, pela acidez que provocou. Foi a surpresa que Rui Rio tinha guardada na manga, mas não se pode dizer que tenha sido uma boa surpresa. Rui Rio escolheu a ex-bastonária da Ordem dos Advogados para integrar o órgão de direção mais restrito do partido, como vice-presidente. E se, por um lado, a escolha ofuscou o facto de Rio também ter puxado o polémico Salvador Malheiro para o mesmo órgão, por outro, fez com que os protestos disparassem. No final, Elina Fraga foi vaiada pelos congressistas. E na hora da votação, a direção de Rui Rio teve apenas 65% de votos favoráveis, com um terço do Congresso a recusar-se a votar naquelas escolhas.

E porque é que a ex-bastonária, militante do PSD, é uma laranja assim tão amarga? Porque protagonizou, enquanto bastonária, um violento ataque ao Governo de Passos Coelho, ao apresentar uma queixa-crime junto da Procuradoria-Geral da República por atentado ao Estado de Direito contra todos os membros do Governo PSD/CDS que estiveram presentes na reunião do Conselho de Ministros que aprovou a criação do novo mapa judiciário (e consequente extinção de 20 tribunais). A ex-ministra da Justiça, Paula Teixeira da Cruz, apressou-se a dizer, ao Observador, que a escolha de Elina Fraga era uma “traição” ao PSD. A agora vice de Rio viria a justificar que o fez enquanto bastonária para dar cumprimento a uma deliberação da Assembleia Geral da Ordem, e não a título individual.

Mas o Congresso não perdoa. Por isso em vez de laranja, Elina Fraga leva um Limão D’Ouro.

[Veja no vídeo a vaia a Elina Fraga no Congresso do PSD]

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Salvador, prémio “Laranja Mecânica”

Da Laranja Mecânica, de Stanley Kubrick — um filme de crime, gangues e delinquentes –, a Salvador Malheiro vai uma larga distância, ok. Mas a verdade é que, se Salvador Malheiro foi uma máquina de angariar votos nas eleições diretas de 13 de janeiro, também é verdade que manteve a máquina oleada no Congresso para não haver incidentes de maior.

Tinha camarim, ou uma espécie de gabinete improvisado, só para si, numa zona resguardada do Centro de Congressos. Na porta, um papel colado a dizer “Salvador Malheiro”. Foi ali que tudo se passou no primeiro dia de trabalhos, enquanto a ala de Rio e a ala de Santana negociavam lugares para as listas conjuntas que seriam o sinal da unidade. Os acordos chegaram a estar tremidos e as negociações prolongaram-se madrugada fora. No final, com o fumo branco, Salvador Malheiro foi mais uma vez um dos king makers da atual liderança. E foi premiado com o lugar que mais queria: o de vice-presidente do PSD, passando a fazer parte do núcleo duro do líder.

Envolvido numa investigação do Ministério Público por alegado favorecimento na adjudicação, pela Câmara de Ovar (onde é presidente), de obras no valor de 2,2 milhões de euros para a instalação de relvados sintéticos em clubes e associações do concelho, Salvador Malheiro não é visto como um homem do partido mas pode muito bem vir a ser o homem do aparelho. Entrou para o PSD apenas nas autárquicas de 2013 e, com Rio, tem agora uma ascensão meteórica. Laranja Mecânica, portanto.

[Veja no vídeo o camarim de Salvador Malheiro onde se decidiu o congresso]

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Paulo Rangel, prémio “Couve de Bruxelas”

— A minha cabeça está em Bruxelas; se me querem como líder do PSD terão de esperar, companheiros.

O congressista não o disse, mas se o discurso de Paulo Rangel pudesse ser resumido numa ideia, seria esta. O eurodeputado, unanimemente considerado um dos melhores quadros do partido,  chegou a ser apontado como candidato à sucessão de Pedro Passos Coelho. Ponderou, fez contactos, esteve disponível para avançar, mas decidiu não fazê-lo por “razões de ordem familiar”, deixando muitos sociais-democratas órfãos de candidato.

Mesmo sem ir a jogo, Rangel tinha capital político e gravitas para marcar o Congresso do PSD — e não quis. Mesmo falando no horário nobre reservado às principais figuras do PSD, centrou grande parte da sua intervenção nas questões europeias, teceu críticas ao PS, sem inovar no tom nem no conteúdo, e ainda deu um puxão de orelhas aos que ameaçam a hegemonia de Rio — Montenegro e Pinto Luz, leia-se. “Este não é nem o tempo nem o momento para batalhas virtuais, nem para mapas astrais. As batalhas que temos pela frente são bem reais e neste contra-relógio, amigos e companheiros, não há espaço nem tempo para lutas virtuais”. Estava passado o cachimbo da paz a Rui Rio.

Um discurso muito morno para quem queria, eventualmente, ganhar espaço na corrida à sucessão de Rui Rio. As eleições europeias são já em maio de 2019 e Rangel definiu-as como prioridade. Mas os avisos de Rangel a Montenegro (e supostos pretendentes ao trono), isolando-os do resto do partido, são um sinal: se abrir vaga para a liderança, Rangel pode estar disposto a deixar Bruxelas.

Miguel Relvas, prémio “Crime e Castigo”

Primeiro, desafiou e provocou Rio, dizendo que “pagava” para o ver “como candidato”. Depois, quando Rio era candidato e Passos não, tentou lançar as candidaturas de Luís Montenegro e Miguel Pinto Luz — não resultou. Santana Lopes apareceu como alternativa a Rio e Miguel Relvas fez tudo para o ajudar. Perderia, mas, ainda antes de perder, incendiou os últimos dias de campanha interna ao afirmar que o PSD estava a eleger um “líder para dois anos”. No Congresso de entronização de Rui Rio, esteve na cabeça (e muitas vezes no discurso) de todos os apoiantes do novo líder, que exigiam unidade ao partido e o fim das conspirações. Até Santana Lopes, de quem foi apoiante, se insurgiu contra ele, sem nunca o nomear.

O kingmaker que construiu Passos Coelho e tentou construir qualquer um que não Rio seria o grande vilão do congresso, se Montenegro não tivesse dado, ao contrário dele, o corpo às balas. Em junho de 2015, dois anos depois de ser afastado do Governo, chegou a afirmar ao Expresso que a “marca Relvas” ainda era “forte”. Passaram três anos desde essa entrevista e o PSD é hoje outro partido: os passistas, que se aliaram a Santana, perderam; Santana, que se aliou a Relvas, perdeu; e Relvas, que se opôs a Rio, perdeu em toda a linha e onde doía mais perder — no distrito de Santarém e no concelho de Tomar, onde costumava ser dono e senhor. Será o fim da “marca Relvas” no PSD?

António Costa, prémio “O Último Moicano”

António Costa foi, tal como seria qualquer líder do PS, um dos ausentes mais presentes no Congresso. Mas comparando as críticas deste com Congresso com as críticas do congresso de 2016, os ataques foram mais ténues. Mais à “geringonça” do que ad hominem. Da boca de Rui Rio não se ouviu uma única referência ao primeiro-ministro, nem nos 40 minutos do discurso de abertura, nem nos 50 de encerramento. O deputado Cristóvão Norte avisou que António Costa era “talvez o último dos moicanos, o último dos moderados do PS”, já que a geração seguinte no PS será bem mais radical. E Rui Rio, na mesma onda, fez questão de apontar baterias aos “jovens turcos” do PS, que se colam à esquerda mais à esquerda. Costa, António, ou primeiro-ministro, foram palavras omissas.

Mas, apesar de ser menos referido, não significa que não tenha ficado com orelhas quentes. Passos acusou-o de estar “permanentemente a desqualificar os adversários” nos debates quinzenais, o que vê como uma “falta de respeito”. E apesar de ser o último dos moicanos, Miguel Pinto Luz exigiu a Costa que fosse “honesto” e dissesse se volta a ser Governo sem o PS ser o partido mais votado. Também Montenegro alertou que era preciso dizer “alto e bom som” que o PSD não quer “um Estado dirigista como António Costa”. O líder do PSD/Açores Duarte Freitas visou o primeiro-ministro, dizendo que não o conhece bem, mas que conhece bem Carlos César, o “alter ego de Costa”. Depois explicou que César e Costa eram iguais: “Só pensam no partido e em si e não se deve dar a mão a pessoas com aquela personalidade”. Outros congressistas mais anónimos também foram, aqui e ali, referindo o nome do primeiro-ministro. Mas a Rio, não se ouviu uma referência direta.

Passos Coelho, prémio “Sá Carneiro”

So long, farewell, auf wiedersehen, goodbye. Pedro Passos Coelho foi ao Congresso do PSD despedir-se do partido que liderou durante oito anos. Foi odiado por muitos, amado por outros, mas sai do Congresso sem ninguém lhe apontar uma unha que seja. Santana Lopes, no seu discurso, resumiu o fenómeno: “Oh Rui, agora que Passos Coelho saiu são só qualidades, por isso prepara-te que vão começar a descobrir-te os defeitos”. Tal como o fundador Francisco Sá Carneiro, que chegou a ser uma figura contestada mas que é agora a referência mais unânime, também Passos Coelho saiu do Congresso de Lisboa como uma figura unânime. Apareceu apenas no primeiro dia e deixou o palco livre para Rui Rio nos dois dias seguintes. Não “ofuscou”.

Não houve lágrimas nem conffettis, mas Passos Coelho quis sair em grande. Podia ter feito um discurso inócuo, simbólico, mas optou por deixar nas entrelinhas vários avisos ao líder que se segue. Primeiro, que “não é fácil bater a geringonça, mas é preciso bater a geringonça”; depois, que há um partido à direita, o CDS, com o qual o PSD se entendeu bem e que ainda “vai ser importante no futuro”. Foi duro no tom contra a “geringonça”, antevendo talvez que Rui Rio viria a ser mais brando. E desejou tudo de bom para o partido. Não vai andar por aí, como Santana, mas não saiu em baixo. Antes pelo contrário. Sai na qualidade de líder com maior longevidade a seguir a Cavaco Silva, com o trunfo de ter sido primeiro-ministro e de nem sequer ter perdido as legislativas.

Prémio Sá Carneiro não porque se adivinhe que vá ter um busto em sua honra no palco de todos os Congressos, mas pela unanimidade. No fundo, é um Prémio Carreira.

[“Onde é que elas estão?”, perguntou-se no congresso. Passos tinha na cúpula o dobro das mulheres que Rio vai ter. Veja no vídeo]

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José Eduardo Martins, Melhor Não-Participação Especial

Não é fácil ser convocado e ter de ficar na bancada a ver os outros jogarem. Mas foi isso que aconteceu a José Eduardo Martins. Depois de ser questionado pelo Observador sobre como tinha garantido o lugar de participante no Congresso, e o consequente direito a discursar, o antigo secretário de Estado do Ambiente contactou o secretário-geral Matos Rosa para tirar a dúvida a limpo. Matos Rosa disse-lhe que, de facto, estava apenas na qualidade de observador e que, por isso, não podia subir ao palco para discursar.

Matos Rosa, que no dia anterior tinha desvalorizado a questão em declaração ao Observador, resumiu tudo num “lapso dos serviços”. José Eduardo Martins reagiu com fair play ao facto de ficar de fora: “Sempre se poupam seis ou sete minutos ao Congresso”. E durante a tarde, enquanto decorriam os discursos e na hora em que era suposto falar, José Eduardo Martins partilhou uma fotografia com o filho no Estádio da Luz com a seguinte frase: “Aqui posso falar e há bifanas.”

Tal como no Estádio da Luz, no Congresso ficou-se pela bancada, mas pelo fair play, José Eduardo Martins merece o “prémio melhor não-participação especial”.