Em frente a um relógio a zeros, Paulo Portas disparou: “Ele foi o pai do resgate, o padrinho da troika, o responsável por tanto sofrimento dos portugueses”. Ele é José Sócrates, ex-primeiro-ministro, cuja anunciada participação na campanha das europeias levou Portas a pedir aos eleitores que façam “um exame de consciência” antes de votarem no PS no domingo.

Sócrates, entretanto, respondeu. “Ao dr. Paulo Portas sobra-lhe em descaramento o que lhe falta em honestidade intelectual. A mentira sempre atraiçoa o mentiroso”, afirmou ao Público o ex-primeiro-ministro socialista. “Infelizmente, a vida política do dr. Paulo Portas tem sido um somatório de truques e malabarismos e se pensa que sairá impune destas eleições, julgo que está enganado”, acrescentou Sócrates.

Portas assinalou desta forma o fim do programa de assistência financeira a Portugal. E fez avisos aos partidos. “Acabou definitivamente o tempo” das promessas eleitorais “sacrificando as próximas gerações”, disse o líder centrista e vice-primeiro-ministro.

“Quem garante que não voltaremos a cair nas causas, nas políticas que tornaram inevitável” o pedido de assistência financeira à troika? É essa a pergunta de Portas, para quem “o 17 de maio (…) significa o fim da excecionalidade”, lembrando no entanto que “não muda tudo instantaneamente.”

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“A partir deste dia Portugal não está obrigado a negociar as suas leis com credores estrangeiros. Para um democrata, esta mudança não é pequena”, referiu Portas, que sublinhou que, no futuro, é necessário haver líderes políticos “com capacidade de entendimento, com capacidade de compromisso e com capacidade de consenso”

O percurso até ao último dia da troika em Portugal “não foi certamente isento de dúvidas, tensões, dificuldades”, reconheceu o líder do CDS, mas o Governo teve sempre uma “linha de orientação”, que apontava para que o país tivesse “um só resgate, um só empréstimo, um só memorando e um só calendário com a troika”.