A Fitch afirmou esta segunda-feira que a decisão de dividir o BES num banco bom e num banco mau “tem um impacto orçamental direto limitado”, mas alertou que reduz a ‘almofada financeira’ disponível para lidar com potenciais choques futuros.

O BES, tal como era conhecido, acabou este fim de semana: o Banco de Portugal tomou conta da instituição fundada pela família Espírito Santo e anunciou a sua separação, ficando os ativos e passivos de qualidade num ‘banco bom’, denominado Novo Banco, e os passivos e ativos tóxicos num ‘banco mau’ (‘bad bank’).

O Novo Banco é capitalizado com 4.900 milhões de euros através do Fundo de Resolução bancário, que fica a deter 100% desta nova instituição financeira, e desse valor, 4.400 milhões de euros vêm do dinheiro da ‘troika’ destinado ao setor financeiro e os restantes 500 milhões são assegurados pelas contribuições dos outros bancos que operam em Portugal.

Sublinhando que o dinheiro reservado para a recapitalização bancária que fazia parte do resgate financeiro é “suficiente para cobrir o custo da operação do BES sem empréstimos adicionais”, a Fitch refere que “não há qualquer pressão no ‘rating’ de ‘BB+’ de Portugal”.

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No entanto, a agência de notação destaca que a criação do Novo Banco “vai reduzir significativamente a ‘almofada financeira’ colocada de parte para os bancos portugueses, para cerca de dois mil milhões de euros”, alertando que isso “pode limitar a sua efetividade”.

Por isso, a Fitch entende que “poderia haver um impacto orçamental se outros bancos precisassem de apoio”, embora acrescente que não é esse o cenário central.

A instituição considera que “a reserva financeira do Estado português continua ampla (de cerca de 7,6% do Produto Interno Bruto), mas que a ‘almofada’ contra uma eventual volatilidade do mercado, que ajudou Portugal a fazer uma ‘saída limpa’ do programa do Fundo Monetário Internacional e da União Europeia sem uma linha cautelar, diminuiu”.