A CMVM reiterou esta sexta-feira que suspendeu as ações do BES depois das 15h00 de sexta-feira passada porque só nessa altura teve conhecimento de “iminentes desenvolvimentos“, garantindo desconhecer outras decisões que “tudo indica” influenciaram os preços dos títulos.

Destacando que a “descrição dos factos está documentada”, num esclarecimento hoje divulgado à imprensa, a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) “reitera integralmente” a informação veiculada na segunda-feira quando informou que suspendeu a negociação dos títulos do BES, na sexta-feira, 1 de agosto, “logo após ter tido conhecimento de iminentes desenvolvimentos que vieram a ser conhecidos durante o fim-de-semana”.

“A CMVM procedeu à suspensão dos títulos depois das 15 horas [de sexta-feira da semana passada] dado que só por volta dessa hora teve conhecimento que haveria desenvolvimentos, ainda que desconhecendo os termos concretos dos mesmos“, lê-se na nota.

A instituição liderada por Carlos Tavares garante ainda que “em momento anterior não foi informada sobre outras decisões tomadas relativas ao BES e que, tudo indica, influenciaram a formação dos preços“.

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Estas explicações por parte da CMVM surgem um dia depois de o governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, ter afirmado no Parlamento que a hipótese de aplicar uma medida de resolução ao BES só foi colocada em cima da mesa depois do fecho do mercado na sexta-feira da semana passada.

O governador do banco central informou também que, antes disso, pela hora de almoço de sexta-feira passada, o Conselho de Governadores do Banco Central Europeu tinha decidido por teleconferência suspender o acesso do BES às operações de política monetária com efeitos a 04 de agosto (segunda-feira). Nesta altura, aquilo que Carlos Costa disse saber era que o Banco de Portugal tinha até segunda-feira para encontrar uma solução para o BES.

Na sexta-feira da semana passada, a CMVM suspendeu a negociação das ações de BES, cuja queda vertiginosa as cotava apenas nos 12 cêntimos no momento da suspensão. Essa sessão teve um elevado volume de transações, o que já levou o regulador a abrir uma investigação para saber se foi usada informação privilegiada na transação de títulos do BES nesse dia.

Só nos 42 minutos antes da suspensão dos títulos, foram trocadas mais de 83 milhões de ações do BES, um valor muito acima da média diária (de 37,7 milhões de ações transacionadas).

Ainda no esclarecimento hoje prestado, a CMVM assegura que “procura sempre garantir que os investidores ou potenciais investidores dispõem de toda a informação” para que tomem as suas decisões “com base em informação clara, completa e verdadeira logo que a mesma venha a seu conhecimento”.

Na noite de domingo, o Banco de Portugal tomou controlo do BES e anunciou a separação da instituição num banco mau (‘bad bank’), que concentra os ativos e passivos tóxicos, e num ‘banco bom’, o chamado Novo Banco, que reúne os ativos e passivos não problemáticos, como será o caso dos depósitos, e que receberá uma capitalização de 4,9 mil milhões de euros do Fundo de Resolução bancário.