O candidato nas eleições primárias do PS António Costa considerou na quinta-feira que os oito orçamentos retificativos que o Governo apresentou são “falhanços”, acrescentando que a dívida é hoje maior do que no início da crise.

“Nunca, que nos lembremos, houve um Governo que em cada sessão legislativa teve de aprovar dois orçamentos retificativos e a verdade é que cada orçamento retificativo significa um falhanço do Governo e a necessidade da correção daquilo em que o Governo tinha apostado”, frisou.

António Costa falava na quinta-feira à noite num jantar de apresentação da sua candidatura às primárias do Partido Socialista, na ilha Terceira, nos Açores, no mesmo dia em que foi aprovado pela Assembleia da República o oitavo orçamento retificativo do Governo.

Para o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, este é um Governo “falhado” e que por isso “tem de ser mudado”, até porque “a dívida continua a aumentar”.

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“O Orçamento que hoje [quinta-feira] foi aprovado teve de reconhecer mais uma vez que o crescimento económico vai ser inferior àquele que o Governo previa, porque afinal não vamos crescer com base nas exportações, mas mais uma vez com base na procura interna. Mas sobretudo veio dizer que a despesa pública não está controlada e que a dívida continua a aumentar”, salientou.

António Costa sublinhou que se no início da crise a dívida estava nos 97% do que o país produzia, hoje atinge 134%, alegando que isto significa que o executivo de Passos Coelho não saneou a economia, não disciplinou as finanças e está a ir pelo “caminho errado”.

O candidato nas primárias do PS já tinha elogiado os 18 anos da governação socialista nos Açores, nos dias 16 e 17 de agosto, quando visitou as ilhas do Faial e das Flores, mas voltou a fazê-lo na Terceira, justificando novamente a escolha do ex-presidente do Governo Regional, Carlos César, para mandatário nacional da sua candidatura.

António Costa voltou a salientar que Portugal não é só o território continental, realçando que os Açores e a Madeira são “fundamentais para projetar o país no mundo”.

“Nós não podemos desperdiçar aqueles fatores que, por natureza, favorecem a nossa internacionalização. E esses fatores são a profundidade atlântica do nosso território, graças às regiões autónomas, e a nossa presença intercontinental, com uma língua, que é a língua portuguesa, e com um povo, que é o povo português, em cinco milhões, representado em todos os continentes. São ativos que temos de pôr no coração da estratégia do desenvolvimento de Portugal”, frisou.

Por sua vez, o presidente do PS/Açores e do Governo Regional, Vasco Cordeiro, apelou aos açorianos para que votem, nas primárias do PS, a 28 de setembro, em António Costa, como “resposta” a quem durante três anos andou “a brincar com os portugueses e com os açorianos”.

Vasco Cordeiro disse que os Açores precisam de alguém no Governo da República que respeite a autonomia da região e “que não se preocupe apenas em arranjar desculpas de mau pagador, como aconteceu recentemente no processo de revisão das Obrigações de Serviço Público” do transporte aéreo, alegando que o executivo de Passos Coelho esteve “três anos sem dar qualquer sinal de vida” e ainda teve o “desplante” de dizer que o atraso se ficou a dever ao Governo Regional.

Também Carlos César apelou ao voto em António Costa, que considerou “um político para o país inteiro e não apenas, como dizem, para alguns vizinhos em Lisboa”.

“Nós temos, neste momento, em Portugal, líderes políticos que têm vergonha de vir aos Açores e temos também em Portugal, inclusivamente, um primeiro-ministro que nunca se deslocou em funções oficiais à Região Autónoma dos Açores. Isso é uma vergonha em Portugal”, considerou.