O número de jihadistas europeus a combater na Síria e no Iraque é de “cerca de três mil”, disse à AFP o coordenador europeu para a luta contra o terrorismo, que em julho apontava para dois mil. Gilles de Kerchove justifica este aumento com o avanço no terreno do grupo Estado Islâmico e à proclamação de um “califado” nas áreas conquistadas. “O fluxo não secou e é possível que a proclamação do Califado tenha tido algum impacto”, disse, em entrevista à AFP, acrescentando “estimar em cerca de três mil” o número de jihadistas que deixaram a Europa.

Estes combatentes vêm principalmente da França, Grã-Bretanha, Alemanha, Bélgica, Holanda, Suécia e Dinamarca, mas “alguns” vêm também de Espanha, Itália, Irlanda e Áustria. “Mesmo um país como a Áustria tem agora combatentes, o que antes não sabíamos”, salientou Gilles de Kerchove. Segundo este responsável, entre 20% e 30% destes cidadãos europeus voltaram para casa. Alguns retomaram a sua vida normal, mas outros sofrem de stress pós-traumático, enquanto uma parte radicalizada representa uma ameaça. “O desafio para os Estados-Membros é avaliar cada um deles, avaliar o seu risco e perigosidade e dar a melhor resposta”, disse.

O principal receio não é o de um ataque em grande escala, como 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos, mas “um homem solitário com uma Kalashnikov pode causar muitos estragos”. Um jovem francês, Mehdi Nemmouche, recentemente regressado da Síria para a Bélgica, tendo passado pela Alemanha, foi acusado do tiroteio que matou quatro pessoas no final de maio no Museu Judaico, em Bruxelas, e de ter sido o carcereiro de reféns franceses na Síria.

O responsável saudou a adoção, agendada para quarta-feira pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas, de uma resolução para bloquear o movimento de jihadistas aprendizes, o seu treinamento e financiamento. A França adotou na semana passada um projeto de lei para “lutar contra o terrorismo”, o que cria uma interdição de saída do país, para impedir a partida de jovens franceses candidatos a jihadistas. No início de setembro, o primeiro-ministro britânico, David Cameron, anunciou medidas como a apreensão nas fronteiras de passaportes de cidadãos suspeitos de radicalismo.

Gilles de Kerchove alertou também para o risco de “represálias” após a formação de uma coligação “anti-jihadista” e dos ataques aéreos no Iraque e na Síria.

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