Dezenas de milhares de pessoas desfilaram neste domingo nas cidades francesas de Paris e Bordéus para defender os valores da família tradicional e para contestar o recurso de barrigas de aluguer e técnicas de reprodução assistida por casais homossexuais. A ação foi convocada pelo movimento “Manif pour Tous” (“Protesto para todos”, em português), grupo que liderou os protestos no ano passado contra a lei que autorizou o matrimónio homossexual em França, promulgada em maio de 2013.

O protesto desta vez teve como alvo a eventual legalização das barrigas de aluguer e o recurso de técnicas de reprodução assistida para casais de lésbicas, opções que devem ser “combatidas a todo o custo”, segundo afirmou a presidente do movimento, Ludovine de la Rochere.

Para a responsável do movimento, a legalização do casamento homossexual, que foi promovida pela ministra da Justiça Christiane Taubira, é “a árvore que impede ver a floresta”, porque conduz, na sua opinião, a “estas práticas obscurantistas e inaceitáveis no país dos Direitos Humanos”. Segundo uma sondagem divulgada neste domingo, 57% dos franceses estão contra a abolição da “lei Taubira” e 53% afirmam ser favoráveis à ampliação da reprodução medicamente assistida a casais de lésbicas.

A mesma sondagem, realizada entre 29 de setembro e 1 de outubro, revelou que 55% dos inquiridos são favoráveis em autorizar “um enquadramento legal” das barrigas de aluguer em França, método atualmente proibido independentemente da orientação sexual do casal. O Governo francês está, no entanto, particularmente inflexível sobre este último ponto.

O primeiro-ministro francês, Manuel Valls, anunciou na sexta-feira que vai promover uma “iniciativa internacional” que defende que cidadãos de países onde as barrigas de aluguer são proibidas não podem ter acesso a esta opção, nomeadamente através de Estados que legalizaram este método. Para Valls, este método é “uma prática intolerável de comercialização dos seres humanos”.

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