A FIFA atribuiu um contrato relativo ao Mundial 2018 a uma empresa que faz parte de um grupo presidido pelo sobrinho de Joseph Blatter, atual líder da organização mundial de futebol. Isto apesar de essa empresa ter falhado em todos os parâmetros de avaliação da própria FIFA. A notícia foi avançada pelo jornal brasileiro Estado de São Paulo, que obteve documentos internos da organização onde é possível perceber que havia duas empresas concorrentes a um contrato de venda de bilhetes para os jogos, alojamento e transportes durante o Mundial 2018, que se disputará na Rússia. A Byrom acabou por bater a Kuoni, mas a própria FIFA considerou que o modelo de negócios da empresa vencedora era “duvidoso”, tendo os técnicos que elaboraram o relatório de 12 páginas recomendado especificamente a contratação da Kuoni.

A Byrom é liderada por Jaime e Enrique Byrom – dois irmãos mexicanos – e faz parte do grupo da Match, empresa a que preside o sobrinho de Joseph Blatter, Phillipe Blatter, e que, no Mundial do Brasil, se viu envolvida num caso de alegada venda ilegal de bilhetes para os jogos da competição. Duas pessoas chegaram a ser detidas, mas os irmãos Byrom negaram qualquer envolvimento.

No referido relatório, datado de novembro de 2012, a Byrom perdeu em todos os parâmetros de avaliação da própria FIFA, obtendo apenas 22 pontos contra os 51 obtidos pela Kuoni. No que diz respeito especificamente ao aspeto económico do contrato, a diferença entre ambas as companhias foi de 3 pontos para a Byrom e 15 para a Kuoni. Além disso, ao escolher a Byrom, os técnicos avisavam que a FIFA teria de garantir um financiamento de cerca de 50 milhões de dólares (perto de 40 milhões de euros), enquanto, no caso da rival, tal não seria necessário.

“Dado que as duas ofertas finais eram muito próximas uma da outra, foi decidido que, para manter a continuidade, a Byrom seria a escolhida, com sua vasta experiência em grandes eventos desportivos, como o provedor de serviços de acomodação para o Mundial 2018”, justificou a FIFA ao Estado de São Paulo. O secretário-geral da organização, Jérôme Valcke, garantiu na semana passada que a Byrom manter-se-ia como a empresa escolhida para o Mundial na Rússia.

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