A maioria das detenções ocorreu em Pequim, mas também foram reportados casos nas províncias de Cantão (sul), Gansu (noroeste) ou Hunan (centro), de acordo com a lista atualizada da CHRD, que constata uma nova campanha de repressão na China.

Em concreto, a organização não-governamental chinesa confirma 23 detenções, por crimes, que duram há até 37 dias e podem terminar em julgamento, três de cariz administrativo, de um máximo de dez dias, e 35 de “outro tipo”.

Estes últimos casos incluem qualquer forma de privação de liberdade, como manter a pessoa num centro de detenção sem notificar a sua família, ou “provocar o seu desaparecimento”, explicou a coordenadora da CHRD, Wendy Lin, à agência noticiosa espanhola.

Além disso, a organização também confirmou um caso de tortura, citando o advogado da vítima. Em causa, Xie Wenfei, detido no passado dia 03 num jardim em Cantão quando transportava cartazes de apoio aos protestos em Hong Kong.

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“Têm medo, não querem que o espírito de Hong Kong se alastre. Não querem que se volte a repetir Tiananmen”, observou à Efe Hu Jia, conhecido ativista na China que se encontra em prisão domiciliária.

Para Hu Jia, a repressão que se vive por estes dias é mais grave do que a ocorrida durante a época da “Revolução Jasmim”, em 2011, uma tentativa de imitação da “Primavera Árabe”, cortada pela raiz por Pequim.

Para a CHRD e outras organizações de defesa dos direitos humanos como a Human Rights Watch, a repressão vai continuar “enquanto as pessoas de Hong Kong continuarem com os protestos” e pode até intensificar-se por estes dias, uma vez que se aproxima a reunião anual do Partido Comunista chinês, que arranca na próxima semana.

“Estão ansiosos por pôr-lhe um fim”, disse a mesma responsável da CHRD. Maya Wang, da Human Rights Watch, considera, porém, que acabar com manifestações em Hong Kong “será um longo processo”.

“Não vai ser fácil acabar com os protestos, e mesmo que o consigam, o principal problema — as fortes aspirações pela democracia — não vão desaparecer rapidamente”, concluiu Maya Wang.