A associação ambientalista Quercus lamentou que as metas definidas na quinta-feira pelos países da União Europeia para as áreas de energia e clima sejam insuficientes para evitar o aumento da temperatura global média da Terra e a Associação de Energias Renováveis aponta que acordo foi bom para Portugal, mas ainda está aquém.

A especialista em energia e clima da Quercus, Ana Rita Antunes, admitiu à Lusa que o pacote aprovado foi “difícil de alcançar”, mas considerou que as metas ficaram aquém do que deviam. As metas “não dão um sinal suficiente que a União Europeia está comprometida com o combate às alterações climáticas”, afirmou, exemplificando com a redução das emissões de gases com efeito de estufa.

Pacote definido na quinta-feira pelos chefes de Estado e de Governo da União Europeia prevê, entre outras medidas, a incorporação vinculativa de, pelo menos, 27% de energias renováveis até 2030.

Já a responsável técnica da Associação de Energias Renováveis (APREN) Isabel Cancela de Abreu disse hoje que o acordo sobre energia fixado em Bruxelas foi positivo para Portugal, mas lamentou que a meta tivesse ficado aquém do pretendido. “Para Portugal não foi uma vitória completa mas foi bastante positivo, principalmente no que diz respeito à meta das interligações” do mercado ibérico com o resto da Europa, afirmou em declarações à Lusa.

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O pacote definido na quinta-feira pelos chefes de Estado e de Governo da União Europeia prevê, entre outras medidas, a incorporação vinculativa de, pelo menos, 27% de energias renováveis até 2030, e dá objetivos indicativos ao nível do aumento da eficiência energética (27%) e de interconexões (15%) que permitam à Península Ibérica exportar energia para a Europa.

Acordo sobre o ‘pacote energia-clima’ fechado pelos 28 prevê ainda metas vinculativas de redução das emissões de gases com efeito de estufa de 40% em relação ao nível de 1990.

“Apesar de a meta [relativa às capacidade de interligação] não ser vinculativa, foram garantidos os meios para atingir essa meta”, sublinhou Isabel Cancela de Abreu, lembrando que, em 2002, foi aprovada uma meta indicativa de 10% para 2010, que não foi cumprida. Portugal “já tem um nível bastante elevado de incorporação de energias renováveis e para poder aumentar esse nível e poder exportar os benefícios das renováveis para a Europa – e permitir baixar os preços não só em Portugal como na Europa – é necessário haver mais interligação entre Espanha e França”, defendeu a responsável da associação.

O acordo sobre o ‘pacote energia-clima’ fechado pelos 28 prevê ainda metas vinculativas de redução das emissões de gases com efeito de estufa de 40% em relação ao nível de 1990, mas Ana Rita Antunes defende que essa redução deveria chegar aos 55%. “Nas emissões de gás com efeito estufa, precisávamos de uma meta que reduzisse 55% até 2030 para conseguirmos não aumentar a temperatura média global terrestre em dois graus celsius até 2100”, explicou a ambientalista.