Depois de três semanas de campanha, 5,2 milhões de eleitores são chamados às urnas para eleger 217 deputados numa votação em que o partido islamita Ennahda, vencedor das primeiras eleições livres, em 2011, parte como favorito.

Depois de fortes divergências, os partidos políticos tunisinos cederam à pressão da sociedade civil e aceitaram envolver-se em longas negociações que, em janeiro, permitiram a adoção de uma Constituição consensual e da marcação das legislativas de domingo e de presidenciais a 23 de novembro.

Este contraste com os outros países da “primavera árabe” é destacado pelo Ennahda para justificar a “inevitabilidade” de uma vitória, mesmo tendo sido durante a sua passagem pelo poder que ocorreram os incidentes mais graves da Tunísia pós-revolução, como o ataque à embaixada dos Estados Unidos em 2012 e a crise política provocada pelo assassínio de dois opositores em 2013.

Para muitos analistas, no entanto, é cedo para declarar a Tunísia um modelo, até porque as eleições se vão realizar com um atraso de dois anos em relação ao calendário inicial e falta ainda consolidar a democracia, voltar ao crescimento e reforçar a classe média, sem recurso ao autoritarismo.

Centenas de listas apresentam-se a estas legislativas, representando desde ex-responsáveis do regime deposto de Zine Abidine Ben Ali, partidos seculares, extrema-esquerda e outras formações islamitas.

Como um todo, o panorama político é semelhante ao verificado nas eleições para a Assembleia Constituinte em 2011: um partido islamita, proibido nos tempos da ditadura, que conta dezenas de milhares de militantes, enfrenta uma oposição muito dividida por divergências ideológicas numa eleição por sistema proporcional que retira aos pequenos movimentos capacidade de eleger deputados.

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