Essa conversa é a “destempo”, diz Pedro Passos Coelho. “Não há que ter pressa em demasia”, defende Paulo Portas. Nem o líder do PSD, nem o presidente do CDS querem discutir para já uma coligação pré-eleitoral nas eleições de 2015. Neste momento, há várias divisões entre sociais-democratas e centristas, que os dois lados tentam ultrapassar (Orçamento, impostos, crise na educação), mas numa coisa estão de acordo: retirar da agenda notícias sobre coligação.

Numa altura em que o ambiente é tenso dentro do Governo, a ordem é clara, adiar uma discussão sensível. Seria a primeira vez que PSD e CDS concorreriam em coligação pré-eleitoral. O normal tem sido alianças pós-eleições, em função do resultado de cada partido.

O risco, contudo, pode ser grande. À medida que o tempo passa, parece haver mais dirigentes, de um lado e do outro, a achar que é melhor ideia o seu partido concorrer sozinho. E até já há quem lembre o exemplo alemão, em que os partidos que estão em coligação no poder, quando chega o momento das eleições, concorrem em separado.

Esta terça-feira, nos Açores, Passos escusou-se a falar de uma eventual coligação pré-eleitoral com o CDS-PP, considerando que essa questão “vem completamente a destempo”, e contrapondo como prioridade atual a reforma do Estado.

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“Eu não vou introduzir a questão da coligação no debate político. Acho que ela vem completamente a destempo, não levem a mal”, declarou Pedro Passos Coelho aos jornalistas, na Madalena do Pico, nos Açores, durante a sua primeira visita oficial a esta região autónoma enquanto primeiro-ministro.

“Percebo que possa existir interesse por parte da comunicação social ou até de outros atores políticos nessa matéria. Eu agora estou concentrado na questão orçamental, em reformas importantes que levámos ao Parlamento: a reforma da fiscalidade verdade, a reforma do IRS. Há outras reformas importantes que têm de andar e que terão de ter desenvolvimento até ao final do ano, nomeadamente ao nível da reforma do Estado”, acrescentou o chefe do executivo PSD/CDS-PP.

Dentro do Governo, a responsabilidade pela coordenação da reforma do Estado foi atribuída ao vice-primeiro-ministro e presidente do CDS-PP, Paulo Portas.

Passos Coelho reforçou a relevância que atribui à reforma do Estado no último ano da legislatura: “Uma parte importante – convém ter presente – de objetivos que nós temos de poupanças para 2015 depende de decisões que nós vamos tomar no quadro da reforma do Estado, seja ao nível da simplificação administrativa, ao nível das estruturas públicas, ao nível da requalificação de trabalhadores”.

Por outras palavras, insistiu: “Há um conjunto muito largo de compromissos orçamentais que dependem agora da forma como nós vamos organizar esse processo de reforma do Estado durante o próximo ano”.

Segundo o primeiro-ministro, “haverá um tempo” em que a forma como PSD e CDS-PP se vão apresentar às legislativas, juntos ou coligados, será discutida entre os dois partidos e decidida, mas não é agora.

“Sei que há de haver eleições lá para finais de setembro ou princípios de outubro do próximo ano, mas estou muito mais tomado, preocupado com o que tenho de fazer do lado do Governo antes desses momentos mais próximos das eleições ocorrerem”, disse.

No sábado, no final da reunião da Comissão Política, o líder do CDS e vice-primeiro-ministro, Paulo Portas, garantiu que “não será pelo CDS-PP que se criarão dificuldades ou demoras” ao diálogo com o PSD “com vista ao futuro”, mas disse que não se deve ter pressa, como pretendem, os sociais-democratas.

“Não será pelo CDS que se criarão dificuldades ou demoras ao diálogo responsável entre os dois partidos com vista ao futuro. É o que chega e é o que basta. Sou eu que o digo e não é através de rumores, é com a minha cara e com a minha voz”, afirmou.

Numa declaração aos jornalistas na sede do partido, em Lisboa, Paulo Portas considerou que tem havido “demasiados rumores” sobre se CDS-PP e PSD, parceiros de coligação governamental, devem ou não concorrer coligados às eleições legislativas de 2015.

Propondo-se “fazer um ponto de ordem” para acabar com a “rumorologia”, Portas identificou “dois parâmetros” na questão “de saber quando é que se deve decidir se há uma aliança nas eleições” de 2015. Em primeiro lugar, sublinhou, “não se deve ter pressa em demasia”, porque isso revela “uma coisa que não é boa, ansiedade”. Por outro lado, acrescentou, “não se deve demorar em excesso”, porque “na vida e na política há o momento certo”.

O vice-primeiro-ministro disse depois acreditar que “o centro-direita pode e deve vencer as eleições em 2015” e reiterou que “o normal” é que se realizem no prazo “normal, legal e constitucional”, ou seja, no outono do próximo ano.