O músico e cantor português António Mão de Ferro está em São Paulo para realizar oito concertos, entre esta e a próxima semana, numa pré-apresentação do seu segundo disco a solo, “Somewhere”, que será lançado em janeiro em Portugal. “‘Somewhere’ é um título para um disco que se pode ouvir em qualquer lugar, em qualquer altura. É como se fosse uma viagem pelas nossas vidas, que fala de amor, de ódio, de sentimentos, da primeira à última música”, afirmou o cantor à Lusa.

Nascido no Porto, António Mão de Ferro é conhecido por tocar guitarra desde miúdo, sempre ligado ao blues, e por ter participado em bandas como os GNR, a Minnemann Blues Band, pioneira do estilo em Portugal, além de ter tocado em parceria com artistas nacionais e internacionais. Lançou o primeiro disco a solo em 2010, “Karma Train” e, quatro anos depois, distancia-se dele com o novo trabalho, por cantar em inglês músicas de pop-rock, que exprimem uma carga emocional e pessoal, mas sem abandonar o seu estilo ligado ao blues.

O facto de o disco ser em inglês, disse António Mão de Ferro à Lusa, tem a intenção de conquistar ouvintes, não só em Portugal, mas em diversos países do mundo. E o Brasil, afirma, pode ser uma ponte para isso. Os oito espetáculos que está a fazer no país realizam-se no Consulado de Portugal, no hotel Tivoli e em salas locais de concerto. Um deles destina-se à rede internacional de pessoas que vivem fora de seus países de origem, “InterNations”.

“Somewhere” levou dois anos para ficar pronto, não só com as músicas, mas também com o trabalho de som, mistura, produção, arranjo e “masterização”, feitos por António Mão de Ferro, em sua casa. O cantor afirma ter usado todas as referências que obteve durante sua vida na música, para criar seu próprio estilo. “Como toquei com muitos grupos, chega uma altura que estou ali atrás a ver os artistas e a pensar: ‘também posso estar nesse papel'”, afirmou.

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Para escrever a maioria das letras do novo disco e sete das nove músicas, Mão de Ferro convidou o baixista Bernardo Fesch, com quem tocou pela primeira vez quando ambos tinham menos de 15 anos. O baixista, que esteve fora de Portugal nos últimos 11 anos – tempo em que aprofundou os estudos musicais e atuou em salas internacionais -, estreia-se no novo disco de António Mão de Ferro como compositor de letras. “Muitas das letras têm um conteúdo quase que biográfico, ainda que não esteja explícito. As pessoas que nos conhecem vão perceber. E as que não nos conhecem poderão identificar-se, porque as letras falam do quotidiano”, disse Fesch.

Para a pré-apresentação do trabalho no Brasil, os concertos vão seguir uma linha intimista, sem uma banda completa, mas com adaptações das canções para guitarra e baixo, tocados em duo, por Mão de Ferro e Fesch. Em dois dos espectáculos, haverá uma parceria com o compositor e cantor brasileiro Alê Vanzela. Feliz com o resultado do novo trabalho, o cantor e guitarrista diz que, para um próximo disco, espera poder gravar com toda a banda em um estúdio, em um ou dois dias. “Será na linha do blues, na qual todos gravam ‘live’, e o disco torna-se cativante, à moda antiga”.

Em “Somewhere”, participam também Leandro Leonnet, na bateria, Hugo Novo, no teclado e vocais, e Diogo Mão de Ferro, na guitarra, além de Fesch, no baixo.