Foram três palavrinhas apenas, aquelas que têm significado e que diferem entre a moção de estratégia que apresentou ao congresso e o discurso que fez em Coimbra para apresentá-la: António, José e Seguro. António Costa não tinha referido ainda o nome do ex-líder do partido. Escolheu fazê-lo, apenas de passagem, no discurso de apresentação da moção que o levará a líder do partido, para dar a ideia que o partido “está unido” depois de umas primárias que dividiram o PS em dois.

Logo no início do discurso, começou por dizer que apresentar a candidatura à liderança do partido significa uma ação “com sentido de dever, espírito militante e com profunda emoção de dar continuidade à história de um grande partido” que “nas suas diversas lideranças desde Mário Soares a António José Seguro foi sempre um esteio fundamental da construção da democracia, da União Europeia e do Estado social em Portugal”. E pronto. Não falou mais.

Seguro não esteve em Coimbra, quem lá esteve (e subiu ao palco) foram dois dos seus apoiantes mais destacados: Manuel Machado, mandatário da campanha de António José Seguro, e Maria de Belém, que foi presidente do partido enquanto Seguro foi secretário-geral. E perante a plateia, Costa aproveitou para responder àqueles que “vaticinaram” que o PS ia estar dividido: “Estamos hoje mais unidos. Não foi a derrota de ninguém mas a vitória de todos”. Esta última parte da frase, Costa até a tinha dito no discurso de vitória no dia 28 de setembro, mas nessa altura não chegou a mencionar António José Seguro.

Nos próximos dias (a data limite é dia 13), António Costa apresentará as listas conjuntas (de costistas e seguristas) aos órgãos nacionais que serão eleitos em congresso e, por isso, além do mote que levou às eleições primárias – “é hora de mobilizar Portugal” -, lançou o repto: “Chegou a hora de juntar forças”.

Costa quer uma “maioria absoluta” nas próximas legislativas mas diz que esta “não é condição suficiente”. Precisa, disse, “de compromissos políticos e acordos de concertação alargados”, mas se no texto da moção não diz com todas as letras que não o fará com o PSD e com o CDS (fala sempre em várias “forças políticas”), no discurso fez questão de salientar que esses compromissos não são possíveis “com quem pretende, pelo contrário prosseguir a mesma política”.

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