As autoridades cabo-verdianas estão preparadas para o pior cenário, embora nada indicie agravamento ou fim da atividade vulcânica na ilha do Fogo, onde pelo terceiro dia consecutivo se regista uma acalmia, disse esta quinta-feira à agência Lusa fonte oficial.

Segundo Aleida Monteiro, coordenadora do Gabinete de Comunicação do executivo de Cabo Verde, a atividade vulcânica permanece calma e a lava, que ultrapassou em cerca de 600 metros a localidade de Bangaeira, está praticamente estagnada e a emissão de gases e cinzas tem vindo a diminuir.

No entanto, advertiu, “nada indicia” quer o fim da atividade vulcânica quer a eminência de novas explosões do vulcão, que continua em “lume brando” há três dias, o que tem permitido continuar a aplicar o plano de emergência, evitando que um eventual agravamento da erupção possa apanhar todos desprevenidos.

O plano de emergência, tal como nos dois dias anteriores, está concentrado nas localidades mais Próximas da lava, como o casal de Fernão Gomes, desabitado e cujo casario serve de apoio aos agricultores e criadores de gado, e sobretudo Cutelo Alto e Fonsaco, já no final do declive da grande montanha da ilha do Fogo.

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A este propósito, Aleida Monteiro indicou que as duas povoações, de cerca de 2.300 habitantes, estão já devidamente alertadas para o pior cenário, havendo já alguns, poucos, casos de pessoas que decidiraAutoridadesA abandonar as localidades por precaução, instalando-se em casas de familiares e amigos.

A lava encontra-se “praticamente parada” a cerca de 3,5 quilómetros de Fernão Gomes, a meio caminho entre Bangaeira, tal como Portela já totalmente consumida pelo magma, e Monte Velha, de onde é natural o ex-presidente cabo-verdiano Pedro Pires.

A grande preocupação, salientou, centra-se na possibilidade de, com um agravamento da situação, a lava atingir as proximidades de Monte Velha, a cerca de 1.800 metros de altitude, de onde, a partir daí, o declive da montanha se acentue significativamente em direção a Cutelo Alto e Fonsaco, a caminho do mar.

Até agora, 19 dias após o início das erupções, a lava destruiu as povoações de Portela e Bangaeira, obrigando à retirada de cerca de 1.500 habitantes, parte deles, cerca de 850, instalados nos três centros de acolhimento entretanto criados e os restantes em casa de familiares ou amigos.

Grande parte da vasta área agrícola de Chã das Caldeiras, planalto que serve de base aos vários cones vulcânicos da ilha do Fogo, também foi devastada e a prioridade do Governo cabo-verdiano é agora a reinstalação dos desalojados e na geração de fontes de rendimento para as famílias.