Grécia e Chipre foram os únicos países da zona euro com taxas de crescimento negativas no quarto trimestre. Em Atenas, a notícia de uma contração do produto interno bruto (PIB) será particularmente alarmante, já que o PIB vinha crescendo mais do que a média da zona euro nos primeiros três trimestres de 2014. Em toda a zona euro, o PIB aumentou 0,3%, com Portugal a crescer 0,5% e a Alemanha a crescer 0,7% em comparação com o trimestre anterior.

O gabinete europeu de estatísticas, o Eurostat, indicou esta manhã de sexta-feira que o PIB da zona euro cresceu 0,3% em comparação com o trimestre anterior. Trata-se de mais uma aceleração ligeira, já que o PIB tinha crescido 0,1% no segundo trimestre e 0,2% no terceiro trimestre. Ponto menos negativo foi o crescimento de França, de apenas 0,1%, e a estagnação (0,0%) do crescimento do PIB em Itália. Isto além da contração do PIB na Grécia.

A economia da Grécia vinha de três trimestres consecutivos a subir – 0,7% no primeiro trimestre, 0,3% no segundo e 0,7% no terceiro –, caindo agora para 0,2%, face ao trimestre imediatamente anterior Esta foi a contração do produto na Grécia na comparação trimestral, já que na comparação homóloga o PIB cresceu 1,7%. O alarme é mais pela tendência que pelo resultado, já que no total de 2014 a economia terá crescido 0,8% do PIB, mais até que o esperado pelo Governo grego.

“O excedente orçamental que o governo de Samaras tinha conseguido com as reformas duras que fez já se evaporou, com a economia a enfraquecer em antecipação à vitória do Syriza”, diz Christian Schulz, economista do Berenberg Bank, em alusão à quebra das receitas fiscais de janeiro noticiada quinta-feira. Além disso, a perspetiva de descidas de impostos assim que o Syriza ganhasse as eleições terá inibido o consumo e feito reduzir as receitas fiscais, diz o economista.

“O crescimento ficou um pouco acima do que os economistas esperavam, mas não há muitas razões para festejar já que Itália e França ficaram para trás”, dizem os economistas do Commerzbank em nota enviada aos clientes. Apesar dos estímulos lançados no dia 22 de janeiro, “o Banco Central Europeu (BCE) não terá a cura para a grande divergência económica na zona euro”. “Só quando a dívida excessiva cair para níveis toleráveis é que estes dois países voltarão a crescer de forma mais robusta”, dizem os economistas.

De vento em popa continua a economia alemã, que superou largamente as estimativas com um crescimento de 0,7%. “Uau”, diz o economista-chefe do Commerzbank, Jörg Krämer, em nota enviada aos clientes a que o Observador teve acesso. O especialista acredita que a descida do preço do petróleo, que está a estimular o consumo, poderá ser um dos fatores que explicam o crescimento superior ao previsto. Além disso, as taxas de juro baixas e a descida da cotação do euro, associadas às medidas de estímulo lançadas pelo BCE “estão a tornar os bens produzidos na Alemanha mais baratos para os clientes fora da zona euro”.

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