O secretário de Estado dos Assuntos Europeus, Bruno Maçães, disse que não há qualquer clima de “tensão” entre Portugal e a Grécia e garantiu que o Governo português deu um “contributo muito positivo” durante as negociações no Eurogrupo.

“Como o Governo já explicou muitas vezes, nós demos um contributo muito positivo e tivemos uma posição muito responsável durante as semanas de discussão sobre a extensão do programa grego. Não é de todo verdade que tenha havido tensão, não é de todo verdade que essa tensão exista nesta altura”, afirmou à Lusa Bruno Maçães, que está a representar Portugal na reunião informal dos Ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia (UE), em Riga, capital da Letónia.

O secretário de Estado disse que o “ruído [que tem havido] não tem correspondido ao que foram os factos e ao que foi o processo” e que o que Portugal teve foi uma “posição responsável”. “Evidentemente, exigimos o cumprimento das regras europeias porque achamos que a política europeia depende muito dos procedimentos que estão estabelecidos. Foi isso que aconteceu e chegamos a um acordo preliminar”, acrescentou.

Depois de um intenso mês de fevereiro, durante o qual o Eurogrupo (grupo que reúne os ministros das Finanças da zona euro) teve que se reunir por diversas ocasiões devido às negociações em torno do prolongamento da assistência financeira à Grécia, foi alcançado um primeiro compromisso no passado dia 20.

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A polémica sobre a posição de Portugal nessas negociações aconteceu depois de acusações do primeiro-ministro da Grécia, Alexis Tsipras, de que Lisboa e Madrid terão tentado minar o acordo devido à aproximação de eleições.

Numa reunião do comité central do seu partido, Syriza, Tsipras afirmou que no Eurogrupo a Grécia se deparou “com um eixo de poderes liderado pelos governos de Espanha e de Portugal que, por motivos políticos óbvios, tentou levar a Grécia para o abismo durante todas as negociações”. Estas declarações levaram mesmo Portugal e Espanha a fazerem um protesto junto das instituições europeias contra o Governo grego.

Esta quarta-feira, em entrevista ao jornal espanhol El País, o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, disse que “nas últimas semanas, Portugal e Espanha têm sido muito exigentes com a Grécia”. No mesmo dia, em conferência de imprensa em Madrid, acrescentou, no entanto, que não se apercebeu de qualquer “plano diabólico” dos governos conservadores de Espanha e de Portugal para “derrubarem o Governo de Alexis Tsipras”.

Já hoje, o diretor do Mecanismo Europeu de Estabilidade, Klaus Regling, considerou “inaceitável” a forma como o governo grego “atacou” Portugal e Espanha, admitindo, numa entrevista ao jornal alemão Handelsblatt, que se tem “irritado” com recentes declarações de Atenas.