O construtor José Guilherme, que deu a Ricardo Salgado uma “prenda” de 14 milhões de euros, recusou ir à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) ao BES alegando motivos de saúde e, também, o facto de viver em Angola e ter negócios a tratar nesse país. Mas, segundo noticia o Expresso este sábado, o amigo do ex-presidente do banco esteve em Portugal durante vários dias no início de março e, pela altura em que a CPI ouvia Henrique Granadeiro, foi ao seu barbeiro habitual cortar o cabelo, na Amadora.

“Ele esteve aqui às dez da manhã e fez, como sempre, a marcação com antecedência”, disse ao Expresso Aurélio Robalo, barbeiro de “Zé” Guilherme há mais de 40 anos. Foi um sábado, dia 7 de março.

Fernando Negrão, deputado que preside aos trabalhos da CPI, disse ao Expresso que “foram feitos dois contactos a sugerir duas hipóteses de data para a audição de José Guilherme, o que significa que a CPI estava muito interessada em ouvi-lo”. Sublinhando que “há um dever de colaboração da parte do empresário”, Negrão diz que “se veio a Portugal, [José Guilherme] devia ter feito um contacto com a CPI”.

O construtor, a quem foram enviadas na quarta-feira 30 perguntas pela CPI, tem 10 dias úteis para responder. O Expresso cita mais uma fonte próxima do construtor que recusa que tenha havido “desobediência”, porque não houve qualquer notificação para estar na CPI nesses dias.

A prenda de 14 milhões de euros, que Ricardo Salgado não declarou inicialmente e que só regularizaria ao abrigo da amnistia fiscal do RERT, foi justificada pelo antigo banqueiro como um agradecimento pelos conselhos que deu a José Guilherme sobre como fazer negócios em Angola.

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