A candidata presidencial norte-americana Hillary Clinton está a ser acusada de ter facilitado a compra, por parte da agência atómica da Rússia, de uma empresa de capitais canadianos que controla um quinto do urânio dos EUA. A empresa em causa, chamada Uranium One, foi vendida no início de 2013, um negócio que teve de ser aprovado pelo governo dos EUA, dadas as questões de segurança associadas a este recurso natural estratégico. Muitos dos homens que criaram, fizeram crescer e, em 2013, venderam a Uranium One aos russos têm feito donativos generosos à Fundação Clinton, uma história que é contada num livro polémico que sai na próxima semana.

Menos de duas semanas depois do anúncio oficial da candidatura às primárias que definirão o candidato do Partido Democrata às eleições presidenciais de 2016, Hillary Clinton está já no centro de uma polémica que envolve não só a antiga Secretária do Estado dos EUA mas, também, o seu marido – o antigo Presidente norte-americano Bill Clinton. Peter Schweizer é o autor do livro “Clinton Cash”, que sai a 5 de maio e envolve Hillary Clinton em negócios impróprios pelos quais, em troca de decisões que o autor considera questionáveis para o interesse nacional, teria aceitado donativos para a sua Fundação, já que não é possível receber fundos estrangeiros para a campanha eleitoral.

Jornais como o The New York Times e o Washington Post publicaram esta quinta-feira trabalhos de investigação que garantem ter contado com análise de documentos e entrevistas feitas pelos próprios, apesar de terem partido do envio, por parte de Peter Schweizer, de alguns trechos do livro “Clinton Cash: The Untold Story of How and Why Foreign Governments and Businesses Helped Make Bill and Hillary Rich“. O título do livro, escrito por um homem ligado ao instituto de pesquisa Hoover Institute, com tendências ideológicas mais à direita, pode traduzir-se por “O dinheiro dos Clinton: A história nunca contada de como e porque os governos e as empresas estrangeiras ajudam o Bill e a Hillary a ficarem ricos”.

Fundação recebeu donativos. Hillary não os tornou públicos

A agência nuclear russa Rosatom assumiu o controlo da Uranium One graças a três transações financeiras ocorridas entre 2009 e 2013 (estava Hillary Clinton na Administração Obama), revelou o The New York Times. Nessa mesma altura, o presidente da empresa utilizou a sua fundação familiar para fazer quatro donativos com o valor total de 2,35 milhões de dólares, mais de dois milhões de euros ao câmbio atual. Os donativos não foram revelados publicamente na altura, apesar de Hillary Clinton ter acordado com Obama que o faria em todos os donativos relevantes.

Outras pessoas próximas da empresa Uranium One, além do presidente, também fizeram donativos à Fundação nessa altura. E, segundo o The New York Times, Bill Clinton recebeu meio milhão de dólares para fazer um discurso em Moscovo. Quem convidou Clinton foi um banco de investimento russo, ligado ao Kremlin, que na altura estava a recomendar aos seus clientes a compra de ações da Uranium One.

Em declarações citadas pelo The New York Times, um porta-voz da campanha presidencial de Clinton sublinha que “nunca alguém apresentou uma réstia de provas que deem suporte a uma teoria de que Hillary Clinton alguma vez tenha tomado decisões, enquanto Secretária do Estado, para proteger os interesses de quem faz donativos à Fundação Clinton”. “Sugerir que o Departamento do Estado, sob a liderança da então secretária Clinton, realizou uma influência imprópria na avaliação que o governo dos EUA fez da venda da Uranium One é algo completamente infundado“.

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