Foram duas folhas A4, escritas à mão, que Daniel Neves – o alegado autor do crime que tirou a vida a Filipe Costa, de 14 anos – enviou ao programa “Sexta às 9”, da RTP. Nelas, pede à mãe que lhe entregue o computador que tem em casa, porque diz ter “provas que o podem ajudar”. O jovem de 17 anos diz ainda que “um dia vai explicar tudo” e “que existem motivos que muitos não sabem”.

Daniel Neves foi detido ao final da noite de 14 de maio pela Polícia Judiciária por suspeitas de ter matado Filipe Costa, de 14, em Salvaterra de Magos, com uma barra de ferro. Depois de várias horas de interrogatório, o jovem acabou por confessar o crime. Cerca de uma semana depois, diz que “Filipe lhe vai ficar sempre na memória”.

Na carta a que dá o nome “Declaração”, Daniel Neves pede desculpa à família de Filipe Costa e, em específico, à mãe da vítima. O jovem diz ainda que “tem Filipe sempre no coração”.

Quanto à sua própria mãe – que escreveu no Facebook que o filho teria agora de “pagar sozinho” pelo que fez e que não iria acompanhá-lo – Daniel Neves assumiu que proibiu as suas visitas ao estabelecimento prisional. As únicas visitas autorizadas são a da advogada e de uma amiga.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Fátima Duarte, da Comissão Nacional de Crianças e Jovens em Risco, disse, na mesma reportagem, que é possível que Daniel esteja arrependido. “Porque percebeu o que fez e que não há volta a dar. Que não foi virtual, foi real”, referiu.

A advogada de Daniel, Teresa Manique, acrescentou que o suspeito está “profundamente arrependido” e que se pudesse voltar com o relógio atrás no tempo, voltava.

Daniel Neves ficou órfão de pai aos 10 anos e aos 13 foi viver para uma instituição, depois de a mãe ter pedido à Comissão de Proteção de Menores que o levasse. Em 2012, voltou para casa da mãe, mas atualmente dormia em casa de um amiga da família.

“Quando há ciclos sucessivos de medidas de desamor, faltas à escola, de medidas de proteção, o jovem perde-se no meio disto tudo e muitas vezes não encontra o seu referencial, o seu exemplo”, disse Fátima Duarte, da Comissão Nacional de Crianças e Jovens em Risco.