José Sócrates pode perturbar “de forma significativa o inquérito”, assim como a recolha e conservação de provas. É assim que Rosário Teixeira, o procurador responsável pela Operação Marquês, justifica a medida de coação forte que ainda é aplicada ao ex-primeiro-ministro, ontem confirmada pelo juiz Carlos Alexandre. Mesmo o perigo de fuga não está afastado, embora “de forma mais diminuta”, diz o procurador, segundo a edição desta quarta-feira do Diário de Notícias.

Também hoje, o Correio da Manhã e a revista Sábado garantem que há “novas pistas” que estão a merecer a atenção dos investigadores. Uma delas está relacionada com negócios feitos na Ota e em Alcochete, zonas onde o Governo socialista admitiu instalar o novo aeroporto de Lisboa, e onde terão sido identificados movimentos de compra e venda de terrenos envolvendo pessoas ligadas ao Grupo Lena.

O Correio da Manhã diz que o ex-primeiro-ministro foi interrogado sobre os dados quando esteve em Lisboa, a 27 de maio, mas admite que o Ministério Público “escondeu, no essencial, os pormenores dos negócios”, suspeitando agora que o arguido tenha recebido luvas para mudar a localização do aeroporto para Alcochete, antes de a crise inviabilizar a obra.

Outra das novas suspeitas prende-se com a construção de empreendimentos de luxo em Vale do Lobo. Em causa, diz o CM, está uma resolução do Conselho de Ministros de 2007 que aprovou o Plano de Ordenamento do Território do Algarve, assim como transferências de 12 milhões de euros para dois empresários, Hélder Bataglia (Escom) e Joaquim Barroca (Grupo Lena) – depois transferidos para Santos Silva, co-arguido na Operação Marquês. O MP acredita que o destinatário final desse dinheiro podia ser Sócrates.

Já na Sábado, no relato do último interrogatório em Lisboa, acrescenta-se nova suspeita: a da compra de uma quinta que pertenceu a Duarte Lima, ex-líder parlamentar do PSD, através de uma offshore sediada na nas ilhas virgens britânicas. A quinta, com três hectares, continua na posse dessa empresa, mas a dita empresa mudou várias vezes de mãos: do construtor civil José Guilherme, depois por um primo de Sócrates (José Paulo Bernardo) e deste para o empresário Luís Barroca, um dos donos do Grupo Lena que está em prisão domiciliária no caso Sócrates.

A suspeita, diz a revista, é que tenha existido uma venda simulada do imóvel para esconder a ligação ao ex-primeiro-ministro, de novo com Santos Silva como intermediário.

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