A Amnistia Internacional (AI) denunciou a política de detenção sistemática de ativistas no Egito, como forma de eliminar a dissidência política.

“Os jovens egípcios vão do protesto à prisão” diz a organização internacional de defesa dos direitos humanos no relatório “Geração Aprisionada”, que analisa os casos de 14 jovens entre os milhares de pessoas que a AI refere terem sido arbitrariamente detidos nos últimos dois anos, na sequência de protestos anti-governamentais.

O documento adianta que o Egito “voltou a tornar-se um estado policial repressivo”.

“Dois anos após a destituição do Presidente Mohamed Morsi, passou-se dos protestos em massa para as prisões em massa. A perseguição implacável feita aos jovens ativistas do Egito pelas autoridades está a esmagar as esperanças de um futuro melhor de toda uma geração”, diz o diretor-adjunto do Programa Médio Oriente e Norte de África da AI, Hassiba Hadj Sahraoui, citado no relatório.

O documento refere “não ter havido qualquer indício de suavização da repressão do regime” após a chegada ao poder do atual Presidente, Abdel Fattah al-Sisi, e cita estimativas de ativistas egípcios dos direitos humanos indicando que “mais de 41.000 pessoas foram presas, indiciadas, acusadas de algum crime ou sentenciadas sem direito a julgamentos isentos”.

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“Atrás das grades encontram-se desde os [jovens] que foram aplaudidos internacionalmente por líderes dos movimentos juvenis, defensores dos direitos humanos, e até crianças pela razão de terem vestido camisas com ‘slogans’ anti tortura”, continuou.

Os milhares de manifestantes “condenados por falsas acusações” ou devido “a leis que restringem arbitrariamente a liberdade de expressão e de reunião pacífica” contrastam com o escasso número de membros forças de segurança acusados de violações dos direitos humanos desde janeiro de 2011, lê-se no documento.

A AI apela no relatório para que a comunidade internacional nas suas relações com o Egito “não sacrifique os direitos humanos” e lembra que “os líderes de países influentes da União Europeia, incluindo França, Itália e Alemanha, têm-se sentado com o presidente Abdel Fattah al-Sisi, enquanto o seu governo coloca milhares de opositores atrás das grades”.

“A grande hipocrisia dos parceiros do Egito foi exposta numa corrida a ofertas de negócios lucrativos, influência política, bem como novas transações e transferências de equipamento policial que poderá contribuir para as violações dos direitos humanos”, afirma Hassiba Hadj Sahraoui.

O relatório refere ainda que “as autoridades justificaram a repressão com base num aumento da violência política” e salientaram que o Egito está a enfrentar ataques de grupos armados que, segundo as autoridades, levaram à morte de centenas de membros das forças de segurança, bem como alguns civis, particularmente, no norte da Península do Sinai.