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Vantagem de PSD e CDS irem a eleições coligados? Os números

Este artigo tem mais de 5 anos

Se, em 2011, PSD e CDS tivessem ido juntos teriam roubado três deputados ao PS e dois ao BE. O PCP escapava ileso. Tudo culpa do método de Hondt, que privilegia os maiores.

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PATRICIA DE MELO MOREIRA

PATRICIA DE MELO MOREIRA

O cenário é este: junho de 2011, em vez de PSD e CDS se terem coligado depois de conhecidos os resultados das eleições, tinham-no feito antes, numa coligação pré-eleitoral. Se tivesse sido assim, e partindo do número de votos obtidos por cada partido individualmente há quatro anos, quem teria saído a ganhar? A coligação, que conseguia eleger mais cinco deputados. E quem saía a perder? O PS e o BE, que perdiam três e dois deputados, respetivamente.

Em Vila Real, por exemplo, círculo por onde Passos Coelho foi cabeça de lista, a hipotética coligação de direita teria roubado um deputado ao PS. E em Aveiro, por exemplo, círculo onde Paulo Portas encabeçou a lista dos centristas, a coligação teria roubado um deputado ao Bloco de Esquerda.

Mas vamos por partes. O que aqui se faz não é mais do que um exercício teórico de hipóteses matemáticas, feito com recurso a um simulador, mas como teria sido em 2011 se PSD e CDS tivessem ido a votos juntos? O PS, o PCP e o Bloco de Esquerda teriam eleito o mesmo número de deputados?

A resposta é não. Os socialistas teriam perdido três deputados, passando de um total de 74 para 71 mandatos, o Bloco teria perdido dois, elegendo apenas seis em vez dos atuais oito deputados, e PSD e CDS ganhariam esses cinco deputados pendurados, passando assim a ter um total de 137 deputados no Parlamento, em vez dos atuais 132 (108 do PSD mais 24 do CDS). Já o PCP elegeria exatamente os mesmos 16 deputados, passando incólume a um cenário de coligação pré-eleitoral à direita.

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A vantagem de uma aliança pré-eleitoral parece ser precisamente essa: os números. Além de ser verdade que os números jogam a seu favor numa soma aritmética de duas partes, também é verdade que alguns deputados que foram eleitos à justa por outros partidos, acabariam por cair para o colo do partido maior, neste caso a coligação.

No total, teriam sido estes os resultados eleitorais em 2011, caso Passos e Portas tivessem optado por ir juntos às urnas:

resultados_gerais_eleicoes_2011

Assim, feitas as contas, não só a coligação teria ganho mais deputados nos círculos onde tanto PSD como CDS conseguiram eleger mandatos (pela soma de ambos), como teria roubado cinco deputados a outros partidos: três ao PS, nos círculos dos Açores, Leiria e Vila Real, que são círculos relativamente pequenos e onde geralmente os partidos maiores conseguem eleger mais ou menos o mesmo número de deputados; e dois ao Bloco de Esquerda (um em Aveiro e outro em Faro, círculos maiores).

E aqui destaca-se uma curiosidade: nos distritos onde Passos Coelho e Paulo Portas foram cabeças de lista em 2011 – Vila Real e Aveiro -, a coligação teria conseguido ir buscar mais um deputado à oposição. Em Vila Real, o PSD conseguiu eleger três deputados e o PS dois (o CDS não elegeu nenhum), mas se os centristas e os sociais-democratas tivessem ido juntos às urnas então a coligação teria eleito quatro deputados e o PS ficaria apenas com um. O mesmo acontecia em Aveiro, mas prejudicando o Bloco de Esquerda: em 2011 o PS elegeu cinco deputados, o PSD oito, o CDS dois e o BE um, mas se PSD e CDS estivessem coligados, então o BE não teria conseguido eleger nenhum e a coligação passaria a eleger 11 mandatos.

Isto claro, partindo do princípio que os eleitores que votaram no PSD, em 2011, e os eleitores que votaram no CDS manteriam o seu voto se os dois tivessem corrido juntos naquela altura.

A conversão de votos em mandatos de deputados é feita através do método de Hondt, fórmula matemática que pega no bolo global dos votos e distribui as fatias pelos vários partidos, num esquema proporcional. É um dos principais métodos eleitorais utilizados nos países que têm um regime parlamentar de representação proporcional (em vez de um regime maioritário) e caracteriza-se basicamente por dividir o número de votos obtido por cada partido em cada círculo por 1, 2, 3, 4, e assim sucessivamente até serem apurados todos os mandatos a distribuir. É, por isso, um método que não permite que haja “restos” nas divisões, assegurando assim a distribuição proporcional.

Mas é também um método que é apontado como sendo favorável aos partidos maiores e à formação de coligações.

A distribuição detalhada dos deputados eleitos em 2011, por círculo eleitoral, seria a seguinte:

(Passe o rato por cima de cada distrito para ver os números):

Este cenário é apenas um exercício teórico, mas também parece ter servido de argumento para que os dois partidos optassem por ir coligados nas legislativas deste ano. Não foi apenas uma questão política – como fizeram parecer -, mas sobretudo uma questão matemática. Mesmo sabendo que os resultados de 2011 não se deverão repetir, já que as sondagens mostram uma realidade distante, os dois partidos têm melhores hipóteses aritméticas de conseguir uma maior representação parlamentar desta forma.

A última estimativa, do barómetro da Eurosondagem que foi divulgado esta sexta-feira pela SIC/Expresso, põe o PS à frente da coligação por apenas 1,5 pontos percentuais, com a aliança PSD/CDS a fixar-se nos 34,8%, e os socialistas nos 36,3%. Ambos longe da maioria absoluta.

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