Os números, publicados num artigo da revista Time, são alarmantes. Os Estados Unidos têm cinco por cento da população mundial, mas, por comparação com o resto da Mundo, têm 31 por cento de todos os tiroteios em massa. As razões são avançadas por um estudo da Universidade do Alabama: a Segunda Emenda à Constituição e a própria “cultura” norte-americana.

O estudo de Adam Lankford, professor de criminologia na Universidade do Alabama, um estudo que foi apresentado no último encontro da American Sociological Association, analisou — com base nos relatórios criminais da Polícia nova-iorquina, do FBI, das Nações Unidas e da Organização Mundial de Saúde — todos os casos de tiroteios em massa, com mais de quatro vítimas mortais, ocorridos em espaços públicos, nos Estados Unidos, entre 1966 e 2012, e, concluí Lankford, que “os números não são um acaso”.

O estudo avança que há perto de 270 milhões de armas de fogo, legais e na posse de civis, nos Estados Unidos. Em média, por cada cem norte-americanos, há perto de 89 armas de fogo. Em segundo lugar neste ranking mundial, bem distanciado, surge um país em vias de desenvolvimento, o Iémen, onde, por cada 100 iménitas, há perto de 55 armas de fogo. Se se contabilizar, somente, os casos de tiroteios em massa que ocorrem em escolas ou no emprego, excluíndo os demais “massacres”, as ocorrências sobem de 31 para 62 por cento.

Adam Lankford adianta que há “uma cultura das armas” nos Estados Unidos, crê que, para muitos dos norte-americanos, “ser-se americano é ter direito a uma arma”, algo que é incutido nas crianças e nos jovens desde cedo, um ideal que se refugia no Segunda Emenda à Constituição norte-americana, datada de 15 de dezembro de 1791, e que “garante” este direito aos cidadãos do país. 65 por cento dos americanos, pelo menos, diz Lankford, leva esta Segunda Emenda à letra.

Outra questão, também cultural, mas da cultura de Hollywood, diz respeito ao entretenimento, à proliferação de filmes violentos, com armas e mortes em massa, que se alastrou, desde o Século XX, pelo país e pelo Mundo. Muitos dos atiradores em massa são influenciados por esses “ideias” cinematográficos quando cometem um massacre. E procuram a fama ao fazê-lo. “É uma ideia repetida nas confissões e nos manifestos dos atiradores. Os media dão-lhes aquilo que eles querem, e eles querem fama”, conclui o professor da Universidade do Alabama.

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