Várias dezenas de lesados do papel comercial do Banco Espírito Santo (BES) estavam por volta das 11h00, a protestar em frente à sede do Novo Banco na Avenida da Liberdade cercados por uma forte força policial. Entre eles Henrique Neto, candidato a Presidente da República

Em conversa com os jornalistas, Henrique Neto considerou que “agora ou noutra altura, os lesados do papel comercial do BES deviam ser recebidos”, porque “não podemos continuar a viver num país em que o governo e as instituições não têm coragem de os enfrentar”.

Henrique Neto realçou que “não é justo nem expectável que as pessoas tenham de passar a noite à porta do banco, a fazer sacrifícios pelos seus direitos” num país em democracia e que não se revê nas “atitudes desafiantes” da polícia perante os investidores.

A rua que circunda a sede estava cortada com gradeamentos e um cordão de polícias obrigando os transeuntes e o trânsito a desviar-se da zona.

Os manifestantes usavam apitos e tambores e erguiam cartazes, onde se podia ler “Novo Banco – o ladrão das minhas poupanças” e “Desistir nunca”.

Na zona do protesto há um forte dispositivo policial com várias carrinhas da PSP. Há relatos de que a polícia estará a utilizar gás pimenta contra os manifestantes.

O protesto foi convocado pela Associação dos Indignados e Enganados do Papel Comercial do BES (AIEPC) e depois do arranque na sede do Novo Banco, em Lisboa, deverá passar por vários pontos da capital, incluindo a agência da Rua Augusta e a sede do Banco de Portugal, na Baixa.

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O advogado que representa a AIEPC interpôs este verão uma providência cautelar contra o Banco de Portugal e o Fundo de Resolução, na qual os clientes exigem que o banco central informe o comprador do Novo Banco do montante de papel comercial devido aos cerca de 2.500 subscritores, que ronda os 530 milhões de euros, ou seja, que inclua esse montante como uma imparidade nas contas da instituição financeira.

A 03 de agosto do ano passado, o Banco de Portugal tomou o controlo do BES, após a apresentação de prejuízos semestrais de 3,6 mil milhões de euros, e anunciou a separação da instituição em duas entidades: o chamado ‘banco mau’ (um veículo que mantém o nome BES e que concentra os ativos e passivos tóxicos do BES, assim como os acionistas) e o banco de transição, que foi designado Novo Banco.

No início do mês, o Banco de Portugal anunciou que terminou sem acordo o período de negociação com o potencial comprador do Novo Banco, apontado pela imprensa como sendo a chinesa Anbang. A imprensa noticia entretanto que o supervisor vai agora negociar com o outro concorrente chinês, a Fosun, mantendo-se ainda uma terceira proposta vinculativa válida, a dos norte-americanos da Apollo.

Na altura, o advogado de lesados do BES disse que os seus clientes estão satisfeitos com a possibilidade de a Fosun liquidar parcialmente o investimento, caso compre o Novo Banco, mas garantiu que continuarão em tribunal até recuperarem todo o dinheiro.