O “triângulo da Bermudas”, no oceano Atlântico, algures ao largo de Porto Rico, Miami e das ilhas Bermudas (ou talvez não), granjeou, por muitos e muitos anos, a fama (e o mito)de ali desaparecerem, sem deixar rasto, embarcações e aeronaves. Centenas delas. Mas há um outro lugar, a que até se convencionou chamar de “triângulo das Bermudas asiático”, onde, ao longe de muitos séculos, também desapareceram, sem mais voltar a terra, centenas de barcos e seus tripulantes. Talvez mais que no Atlântico. E com factos concretos a prová-lo.

O lago Poyang, na China, o maior do país, com uma área que é quase duas vezes maior que a da populosa cidade de Londres, é esse lugar, mal afamado, a que os habitantes locais, quase todos camponeses ou pescadores, sempre apelidaram de “águas da morte”. E há uma razão para ser assim apelidado: é que desde 1960, altura dos primeiros registos, terão desaparecido no Poyang mais de 200 embarcações, não tendo sobrevivido nenhum dos quase 1.500 tripulantes para contar a história.

Mas a história pode, ainda assim, contar-se. Há três razões que explicam tantos naufrágios, duas delas cientificas, uma mais… mitológica. Esta última, transporta-nos até ao século XIV. Foi lá, no lago Poyang, que o imperador Zhu Yuanzhang, o fundador da dinastia Ming, enfrentou o seu inimigo Chen Youliang, líder dos Han. Conta a lenda que a armada de Youliang era maior, mas foi Zhu Yuanzhang quem venceu a batalha. De um lado e de outro, perderam-se milhares de vidas. Os locais dizem que os seus espíritos pairam sobre aquelas águas — e que são esses espíritos os responsáveis por tão malfadada quantidade de naufrágios.

Recentemente, e devido a uma seca severa, muitos foram os cientistas e historiadores que se fizeram às águas do Poyang para tentar decifrar o mistério. Uma coisa é certa: ninguém encontrou quaisquer destroços de embarcações ali naufragadas. Há quem diga que a zona do lago é de campos magnéticos de tal maneiras fortes, a fonte de tempestades diluviais, que são capazes de desorientar e naufragar as embarcações. Outros há que dizem que os padrões de vento daquela zona são tão estranhos e tão imprevisíveis, que até o mais experiente dos navegadores por lá se perde.

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