O departamento de Defesa dos Estados Unidos da América (EUA) admitiu na terça-feira que a ocupação da cidade de Kunduz, no norte do Afeganistão, pelos talibãs, na segunda-feira, foi “um revés”. Numa conferência de imprensa, o porta-voz do Pentágono, Peter Cook, indicou que “obviamente” que a ocupação da cidade pelos talibãs “é um revés”, mas que durante as últimas semanas as forças de segurança afegãs têm “respondido aos desafios” e que “estão a fazer o mesmo nesta ocasião”.

“Temos confiança na sua capacidade de derrotar os talibãs em Kunduz. Foi claramente um contratempo e portanto não estou certo que mereça um novo cálculo sobre as forças dos talibãs, mas reflete a ameaça diária que enfrentam as forças de segurança do Afeganistão”, apontou Cook. “Vamos continuar a incentivá-los em tudo o que possamos para que prossigam com os seus esforços para tomar controlo do país”, assegurou.

As forças afegãs lançaram na terça-feira uma ofensiva para recuperar Kunduz, com apoio aéreo dos Estados Unidos. A operação já que lhes permitiu recuperar algumas partes da cidade ocupada na segunda-feira pelos talibãs.

Entretanto a situação humanitária na região está a gravar-se, indicam os Médicos sem Fronteiras.

Dirigente talibã morto em bombardeamento

Os serviços de inteligência afegãos asseguraram, ja na quarta-feira, que o responsável talibã em Kunduz e outros 17 insurgentes morreram num bombardeamento aéreo à cidade.

O “governador talibã na sombra”, Mawlawi Salam, juntamente com o seu número dois, Zabih, e outros 16 insurgentes, morreram na noite de terça-feira num bombardeamento aéreo, informou a agência de inteligência afegã, o Diretório Nacional de Segurança (NDS, na sigla inglesa). “Mawlawi Salam era comandante dos talibãs destacados em Kunduz. A sua morte significa um duro golpe para a moral e para os planos dos talibãs”, afirmou o NDS, em comunicado.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Entre os mortos está também um cidadão do Paquistão, alegadamente pertencente ao Lashkar-e-Toiba, um grupo insurgente paquistanês particularmente ativo na Índia, onde já cometeu vários atentados, indicou a agência afegã.

Segundo o NDS, o “governador na sombra” e os outros insurgentes mortos planeavam atacar o aeroporto de Kunduz, a partir do qual se organiza a operação das forças afegãs para recuperar a cidade.

De acordo com os dados mais recentes disponibilizados pelas autoridades, o número de mortos (quase todos talibãs, segundo informações oficiais) supera uma centena, registando-se quase 200 feridos. Segundo o Governo afegão, os talibãs foram expulsos de edifícios como a sede da polícia e a prisão provincial, mas a operação militar continua com apoio aéreo dos Estados Unidos, que mantêm 9.800 militares no país em missão de combate.