O ministro dos Negócios Estrangeiros, Rui Machete, disse este sábado que Portugal tomou “as medidas cautelares” necessárias após os atentados de Paris, considerando que “há um problema de risco geral”.

“Ninguém está a salvo desse tipo de atentados. Espero que isso não aconteça. Tomaram-se as medidas cautelares para o evitar”, disse Rui Machete à entrada de um encontro inter-religioso em memória das vítimas dos atentados de Paris, na Mesquita Central de Lisboa.

O chefe da diplomacia adiantou que Portugal tomou as medidas necessárias, admitindo que “garantias absolutas não existam neste momento”. “Fez aquilo que era necessário fazer. Há um problema de risco geral, mas não há nenhum aviso particular. Não é de esperar que isso aconteça [atentado terrorista em Portugal], mas têm que se tomar as medidas de precaução necessárias”, afirmou o ministro, acrescentando que “as pessoas não têm que se sentir alarmadas”, mas sim “vigilantes”.

Sobre os portugueses que combatem no grupo extremista Estado Islâmico, Rui Machete referiu que “a polícia tem as suas informações, está vigilante e os serviços secretos tomaram as suas medidas”, sendo uma matéria que não pode ser divulgada.

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Além de Rui Machete, participam no encontro inter-religioso em memória das vítimas dos atentados de Paris o presidente da comunidade muçulmana em Portugal, Abdul Vakil, e o embaixador de França, Jean-François Blarel, bem como os representantes do corpo diplomático acreditado em Portugal.

Os ataques da semana passada em Paris fizeram 130 mortos, entre os quais dois portugueses, e cerca de 350 feridos.

Embaixador francês em Portugal pede que muçulmanos repudiem atos terroristas

O embaixador francês em Portugal salientou hoje a importância de os muçulmanos repudiarem “atos hediondos”, como os ocorridos em Paris no dia 13, no final de um encontro inter-religioso na Mesquita de Lisboa em memória das vítimas dos atentados.

Jean-François Blarel agradeceu a iniciativa do presidente da comunidade islâmica, considerando ser “muito importante que as religiões se compreendam”.

“Da ignorância vem o medo e do medo o ódio”, disse à agência Lusa.

Assinalou que “o problema é que pela segunda vez em França os atentados são cometidos em nome do Islão”, por isso considerou ser “muito importante que os muçulmanos repudiem este tipo de atos hediondos e estejam em total oposição” aos mesmos.

Considerando que “a violência não faz parte do Islão”, o embaixador da França defendeu que se seja “contra a violência e contra o terrorismo” e não “contra a religião”.

O grupo radical Estado Islâmico reivindicou os atentados de dia 13 de novembro em Paris, que causaram 130 mortos e centenas de feridos.

O encontro na Mesquita de Lisboa terminou com a leitura da Oração Ecuménica Universal, um apelo à paz e ao diálogo, feita por várias vozes – de um judeu, de um cristão, de dois budistas e de um hindu – depois da introdução feita por um muçulmano.

Apelos à paz, ao diálogo, à harmonia, ao perdão e expressões de solidariedade pelas vítimas dos atentados marcaram a cerimónia.

O líder da comunidade islâmica em Portugal, Abdul Vakil, disse que os muçulmanos se sentem “horrorizados com os ataques indiscriminados contra pessoas indefesas” e “indignados porque (os seus autores) dizem agir em nome do Islão”.

No mesmo sentido, o imã da Mesquita de Lisboa, Sheik Munir, pediu a Deus para iluminar “quem tem vindo a usar” o seu nome “em vão” e “tem vindo a assassinar barbaramente inocentes”.

Em declarações posteriores aos jornalistas, Sheik Munir declarou que os muçulmanos queriam que “considerassem aquele Estado anti-islâmico”, numa referência ao nome do grupo extremista, e lamentou que os muçulmanos tenham de enfrentar quer os radicais, quer os que os discriminam por partilharem a mesma religião.

Neste caso defendeu que “o melhor é ignorar o ignorante”.

José Carp, presidente da comunidade judaica, declarou que estes encontros “são certamente parte da solução”, enquanto o padre Vítor Melícias rezou a oração de São Francisco de Assis e pediu para as vítimas de Paris “honra e glória aos seus nomes (…), conforto às suas famílias (…), paz eterna às suas almas”.

Uma “prece da aspiração” por parte da representante da União Budista e uma oração hindu fizeram também parte da cerimónia, à qual também assistiram o ministro dos Negócios Estrangeiros, Rui Machete, e representantes do corpo diplomático creditado em Portugal.