A Rússia acusou a Turquia de levar a cabo uma “expansão furtiva” da sua fronteira com a Síria, insistindo novamente na necessidade de incluir os curdos nas negociações de paz para evitar o risco de dividir o território sírio.

“A Turquia, ao mesmo tempo que exige que as posições dos curdos não se reforcem na Síria, começou a proclamar o seu direito soberano de criar uma espécie de zonas de segurança no território sírio”, afirmou o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Serguei Lavrov, durante uma entrevista à cadeia televisiva Ren-TV.

“De acordo com nossas informações, eles [os turcos] estão a fortalecer as suas posições a poucas centenas de metros da fronteira dentro da Síria”, disse o governante russo, considerando que se trata de uma “expansão furtiva”.

O chefe da diplomacia russa também referiu que Moscovo vai exortar a Organização das Nações Unidas (ONU) a incluir os curdos nas conversações de paz sobre a Síria, programadas para começar segunda-feira em Genebra, e que vão durar até 24 de março.

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“Se nós excluímos os curdos das conversações sobre o futuro da Síria, então como podemos esperar que eles queiram continuar a fazer parte do Estado [sírio]?”, questionou Lavrov.

A Rússia já tinha considerado na sexta-feira que a ausência dos curdos das negociações de paz seria “um sinal de fraqueza” da comunidade internacional, criticando a oposição de Ancara à sua participação.

Aliados de Moscovo e de Washington, os curdos sírios – que agora controlam mais de 10% do território e três quartos da fronteira sírio-turca – foram excluídos das primeiras negociações de paz que terminaram sem sucesso no início de fevereiro, em Genebra.

As Unidades de Proteção do Povo (YPG) estão envolvidas na luta contra a organização terrorista do autoproclamado Estado Islâmico (EI) no norte da Síria, mas são vistas pela Turquia como um movimento terrorista curdo, considerado como uma ramificação do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), os separatistas curdos na Turquia, que são considerados o principal inimigo de Ancara.

Em fevereiro, a artilharia turca começou a bombardear posições das YPG na Síria.