Os resultados das eleições regionais do fim de semana não vão alterar a política de refugiados na Alemanha, referiu um porta-voz do governo, citado pela agência noticiosa alemã DPA. No discurso desta tarde, Angela Merkel confirmou que vai continuar com a política de migração que tem mantido.

Angela Merkel afirmou que a confiança na sua liderança não foi posta em causa no parlamento e que não vai apresentar uma moção de confiança. A chanceler não ficou satisfeita com os resultados de domingo e admite que foi um dia difícil para o partido, mas continua comprometida com uma solução internacional para a crise dos refugiados e rejeita o estabelecimento de cotas para os migrantes. Mais, as políticas que tem defendido em relação aos refugiados não foram julgadas pelo partido.

“Fundamentalmente, vou seguir o mesmo caminho que tenho seguido nos últimos meses”, disse Angela Merkel, citada pela Bloomberg. “Acho que esta é a atitude correta e não considero que tenha sido posta em causa hoje [segunda-feira].”

Os democratas cristãos (CDU), o partido da chanceler Angela Merkel, perderam terreno nas três regiões que foram a votos no domingo. Esta perda de votos da CDU, e os bons resultados do partido de extrema-direita Alternativa pela Alemanha (AfD), foram atribuídos à política que a chanceler alemã tem seguido em relação à crise dos refugiados.

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Angela Merkel tem resistido ao encerramento das fronteiras e a outras medidas unilaterais que visem reduzir a entrada de refugiados na Alemanha. A chanceler tem, por outro lado, tentado forçar uma solução europeia para a crise com o apoio da Turquia. Merkel admitiu que a União Europeia ainda não tem uma solução duradoura para a crise dos refugiados e defendeu que o sistema de fronteiras do acordo Schengen deve ser restabelecido.

A chanceler admitiu que os resultados da AfD são uma forma de protesto contra o fluxo de migrantes no país e uma demonstração de descontentamento com os partidos tradicionais. Angela Merkel referiu que a violência sexual em algumas cidades alemãs na passagem de ano poderá ter aumentado o sentimento de insegurança e que o partido deve focar-se neste problema identificado pela população.

Embora tenha admitido que a CDU poderá cooperar com outros partidos nas regiões que foram a eleições este fim de semana, Merkel coloca fora de questão estabelecer qualquer tipo de aliança com a AfD.

O líder do CSU na Baviera (partido-irmão da CDU), Horst Seehofer, um crítico de Merkel, diz que o resultado das eleições é uma “mudança tectónica na política alemã” e não pode ser ignorado. “Não é possível que a resposta a um resultado deste tipo nas eleições seja que tudo continue como antes.”

“Não vejo estes resultados eleitorais como um problema existencial da CDU, mas vejo-o como um problema”, disse Merkel como forma de resposta a Horst Seehofer,

O comissário da União Europeia e aliado de Merkel, Guenther Oettinger, defende que as políticas da chanceler são uma potencial solução para a Europa e que seria errado desistir delas agora, só por causa dos resultados das urnas. Esta posição é defendida pela ministra da Defesa, Ursula von der Leyen, que reforça que 80% dos votantes de domingo “defendem a solução europeia para a crise dos refugiados e apoiam a conduta da chanceler”.

Atualizado às 13h45
Corrigido nome de estado federal às 9h10 de 15 de março de 2016