“Encontraremos uma solução nas próximas semanas mas não terá nada que ver com alívio da dívida. [O acordo] terá mais que ver com a Grécia ter de fazer mais para se tornar uma economia competitiva”. A declaração de Wolfgang Schäuble, citada este domingo pela Reuters, ilustra como as várias partes envolvidas – Alemanha, Comissão Europeia, governo grego e Fundo Monetário Internacional (FMI) – continuam a viver um impasse sobre a questão da dívida. Isto apesar de parecer haver progressos na discussão sobre as reformas e as metas orçamentais.

O ministro das Finanças da Alemanha disse-se “bastante otimista” de que uma solução para o terceiro resgate grego será encontrada nas próximas semanas. O governo grego tem estado em negociações complexas com os credores, com o objetivo de obter uma avaliação positiva que permita a entrega de uma tranche financeira de cinco mil milhões de euros a Atenas. Este processo arrasta-se há vários meses e foi perturbado pela divulgação de uma fuga de informação explosiva que ilustrou não só as tensões com o governo grego mas, também, entre os credores (FMI e Comissão Europeia).

A questão do alívio da dívida é crucial aos olhos do FMI, que exige que os credores europeus reestruturem a dívida grega antes de participarem financeiramente no terceiro resgate. Mas Wolfgang Schäuble deixou claro que esta continua a ser uma questão tabu – já o é desde julho, quando Alexis Tsipras cedeu no pedido de um terceiro resgate mas logo se percebeu que mais alguém teria de ceder: o FMI ou Berlim.

Citado pela Reuters, Wolfgang Schäuble recordou que os vencimentos da dívida grega já foram alargados para 35 anos e que os pagamentos de juros já foram deferidos por 10 anos, ou seja, um período de graça de uma década. Isso reforça, segundo o ministro alemão, a ideia de que “quem fala sobre o alívio da dívida não quer falar sobre o que a Grécia precisa realmente de fazer“. Isto é, cumprir as condições acordadas no âmbito do terceiro resgate.

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Schäuble voltou a queixar-se de que o governo grego continua a marcar passo nas reformas. “Estamos a ajudar a Grécia — estamos a comprar tempo para [a Grécia]“, afirmou o ministro das Finanças alemão.

Progressos na frente orçamental. Acordo provável

A mesma notícia da Reuters cita uma fonte europeia que se mostrou confiante de que poderá haver um acordo definitivo até ao próximo domingo. E fontes citadas pelo jornal Kathimerini corroboram essa informação: “Há alguns pequenos detalhes para acertar na questão orçamental… Estamos muito perto”, disse essa fonte que o jornal identifica como sendo do governo grego.

Os trabalhos têm-se arrastado por questões relacionadas com a reforma das pensões e da forma como se lida com os créditos malparados na banca. Além disso, FMI, Comissão Europeia e Atenas têm posições distintas sobre as projeções para o défice primário: Atenas garante que consegue chegar a um valor de apenas 1% até 2018, ao passo que a Comissão aponta para 3% e o FMI é ainda mais pessimista: 4,5% do PIB.