Na Régua, as atenções estão focadas na subida do caudal do rio, que está a um metro e meio de galgar a Avenida do Douro e já submergiu o cais e um bar que deveria ter reaberto no sábado.

Durante a tarde de quarta-feira, a Autoridade Marítima Nacional emitiu um ‘aviso vermelho’ para as zonas de Peso da Régua, albufeiras do Carrapatelo e Crestuma e Ribeira do Porto/Gaia devido a descargas de água provenientes de Espanha.

Desde sexta-feira que o nível das águas do Douro está a subir, atingindo a marginal da cidade de Peso da Régua, onde existe uma ciclovia, um parque infantil e sanitários, bem como o cais fluvial, onde estão instalados um bar e uma loja de artesanato.

O responsável pela Proteção Civil Municipal, Manuel Saraiva, disse à agência Lusa que o “cenário é de cheia” e que o caudal do Douro está a “cerca de um metro e meio” de galgar a Avenida do Douro, no lugar da Barroca, de onde já foram retirados os carros que ali normalmente estão estacionados.

As atenções são agora “redobradas” e as “preocupações centradas no período noturno”, em prevê que possa subir mais o caudal devido às descargas das barragens espanholas.

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“O dispositivo está todo no terreno e estamos à espera e preparados para proteger e salvar bens e pessoas”, frisou.

Manuel Saraiva referiu que o dispositivo de proteção civil está instalado desde sexta-feira, 15 de abril, dia que foi lançado o ‘alerta amarelo’ para a subida das águas e que hoje foi alterado para ‘vermelho’.

Depois de algum tempo fechado, o bar instalado no cais fluvial ia reabrir no sábado, dia 16 de abril, com uma nova gestão e depois de obras de requalificação.

Após o alerta da proteção civil no dia anterior ao da inauguração, foi necessário retirar todos os materiais e equipamentos deste estabelecimento, que se encontra submerso pelas águas do Douro.

Manuel Mota, da Associação Abeira Douro que explora a loja de artesanato no cais da Régua, disse à Lusa que o estabelecimento reabriu há cerca de 15 dias, depois de ter estado fechado durante todo o inverno.

Segundo este responsável, a subida do caudal do Douro foi inesperada, rápida e ainda por cima ocorre em abril, em plena primavera.

Fonte da Autoridade Marítima contactada pela agência Lusa explicou que o ‘aviso vermelho’ significa que há riscos de “cheias”, como pode haver “riscos de galgamento da água nas margens” e, por causa desses riscos, é aconselhável que as pessoas devam ter cuidados “redobrados”, designadamente as que praticam desportos náuticos nas zonas referenciadas ou que aí tenham embarcações.

A situação hidrológica verificada nas últimas seis horas comprovam “alterações das descargas provenientes de Espanha”, com caudais na ordem dos 3.000 metros cúbicos por segundo (m3/s) no Pocinho, verificando-se no troço nacional do rio Douro descargas de 3.500 m3/s na Régua, acima dos 4.000 m3/s no Carrapatelo, podendo ultrapassar temporariamente os 4.500 m3/s em Crestuma.