Os ânimos aqueceram na reunião Eurolat — que juntou parlamentares europeus e da América do Sul esta semana em Lisboa –, com Antonio Tajani, antigo comissário europeu italiano e atual vice-presidente do Parlamento Europeu, e Dario Vivas, deputado venezuelano, a gritarem um com o outro nos corredores da Assembleia da República. Tajani gritou que a Venezuela é uma ditadura, enquanto Vivas gritava que isso é uma mentira.

O que começou como uma conversa entre colegas nos corredores da Assembleia da República, rapidamente deu origem a uma acesa discussão, com gritos à mistura. Gritando inicialmente um com o outro diretamente, Tajani ainda virou as costas ao venezuelano, dirigindo-se para a escadaria principal da Assembleia, mas voltou atrás para gritar mais algumas vezes “ditadura”. Os dois parlamentares tiveram mesmo de ser afastados pelos deputados presentes e funcionários do Parlamento. Tajani condenava o regime de Nicolás Maduro, na Venezuela, dizendo que se trata de “uma ditadura”, enquanto Dario Vivas dizia que isso não era verdade. O episódio durou alguns minutos, gerando tensão entre os presentes. Tajani foi afastado do corredor, prosseguindo para o almoço, enquanto Vivas se dirigiu aos jornalistas presentes.

“Há organizações de direita, dentro do próprio Parlamento Europeu, que estão a atacar a Venezuela e dizem mentiras. Dizem que há violações dos direitos humanos, mas não dizem que Antonio Ledezma [presidente da Câmara de Caracas] e Leopoldo López [coordenador do partido Voluntad Popular], que estão presos e assim vão continuar, são responsáveis pela morte de 43 pessoas”, afirmou Dario Vivas, deputado do Partido Socialista Unido da Venezuela, a força política de Nicolás Maduro.

No seu discurso de abertura deste encontro interparlamentar, que decorre até quarta-feira, Antonio Tajani, que integra o grupo do Partido Popular Europeu – a que pertencem o PSD e CDS no Parlamento Europeu – e chegou a ser também vice-presidente da Comissão sob a liderança de Durão Barroso, tinha mencionado no seu discurso inaugural que os direitos humanos na Venezuela não estão a ser respeitados, devido à intervenção do regime na detenção de figuras políticas da oposição como Ledezma e López.

Os trabalhos da Eurolat seguem em várias frentes, nomeadamente assuntos políticos, segurança e direitos humanos, mas também assuntos económicos, comerciais e sociais, que dizem respeito aos dois lados do Atlântico. Este encontro junta mais de 120 deputados de diferentes parlamentos europeus e da América do Sul.

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