Frederico Carvalhão Gil encontrou-se com um espião russo em Roma para criar uma empresa de exportação de produtos portugueses e os documentos relativos à NATO estavam dentro da sua mochila para que o espião português os pudesse estudar mais tarde. Foi esta a versão dos eventos que o agente dos Serviços de Informação de Segurança (SIS) terá contado em tribunal, durante o interrogatório esta terça-feira, onde alegou que não sabia que o suposto empresário russo com quem negociava era na verdade um espião.

Segundo o jornal i, Carvalhão Gil — o espião português suspeito de espionagem, corrupção e violação de segredos de Estado por ter vendido segredos da NATO — afirmou que desconhecia que o homem com quem se encontrou em Roma fosse um agente dos serviços de informação russos. Os dois homens reuniram-se num café em Roma 21 de maio e o português recebeu 10 mil euros. Quando questionado em tribunal sobre qual o destino do montante, Gil terá respondido que servia para financiar a constituição da empresa que tencionavam abrir.

Alegadamente, o espião português, que terá respondido sempre com respostas vagas, afirmou que sempre pensou que Sergey Nicolaevich Pozdnyakov fosse um empresário russo e que o terá conhecido uma noite, em Lisboa. Estas informações são contrárias aos resultados da investigação “Top Secret”. Segundo as provas reunidas no processo, não existiu qualquer contacto entre o espião português e Pozdnyakov fora das reuniões em que se encontraram pessoalmente.

Carvalhão Gil ficou em prisão preventiva. O jornal i, na sua edição impressa, informa que o tribunal mostrou receio de que o espião, que é casado com uma mulher da Geórgia e que ainda mantém relações com muitas pessoas do Leste europeu, fugisse do país.

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