A queda de um asteroide poderá não ter sido o único responsável pela extinção dos dinossauros. Outro dos responsáveis apontados será um vulcão gigante da Índia, que já existia mesmo antes do impacto do asteroide. Mas um e outro poderão ter tido consequências equivalentes no planeta: podem ter provocado períodos de aumento global da temperatura, conforme um artigo científico publicado na Nature Communications.

O estudo conclui que o aquecimento causado pela erupção vulcânica, antes do impacto do meteorito na península do Iucatão (atual México), “pode ter aumentado o stress dos ecossistemas, tornando-os mais vulneráveis ao colapso quando o meteorito atingiu” a superfície terrestre.

Já em março deste ano, a equipa de Eric Font, investigador no Instituto Dom Luiz, da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, tinha proposto num artigo na revista Geology, que as erupções de um ‘supervulcão’, no planalto do Decão, na atual Índia, teriam contribuído para a extinção em massa de várias espécies há 66 milhões de anos, em particular espécies marinhas.

O estudo agora publicado analisou a composição química de 29 conchas fossilizadas para tentar perceber as variações da temperatura num período de 3,5 milhões de anos, aquele que separou o fim Cretáceo (há 69 milhões de anos) do início do Paleogénico (há 65 milhões).

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Os resultados mostram que dez das 24 espécies que se extinguiram naquela que é hoje uma ilha da Antártida, desapareceram muito antes de a Terra ter sido atingida pelo asteroide gigante que foi responsável por vitimar as outras 14 espécies.

O estudo afirma que o processo de extinção dos dinossauros se pode dividir em duas fases distintas: um aquecimento global provocado por uma erupção vulcânica num território que corresponde à atual a Índia e uma nova vaga de aquecimento global que se seguiu ao impacto do objeto extraterrestre. Ambas as vagas de aumento de temperatura terão sido causadas pelos gases com efeito de estufa que foram libertados como consequência dos dois acontecimentos.

Durante este período os cientistas afirmam que a temperatura do oceano terá subido cerca de 7,8ºC depois da erupção de um vulcão no território que hoje é a Índia. A erupção terá durado vários milhares de anos e terá soltado uma grande quantidade de gases venenosos para a atmosfera, como relata a Agence France Presse. Uma segunda fase de aquecimento terá ocorrido 150.000 anos depois da erupção, logo após o impacte do asteroide. Esta segunda vaga terá aumentado a temperatura em cerca de 1,1ºC.