A Austrália move-se cerca de 7 centímetros para nordeste todos os anos. Todos os continentes se movem ligeiramente, devido ao movimento das placas tectónicas, mas o “passeio” da Austrália está a começar a tornar-se um problema para os sistemas de navegação global assistida por satélite (cuja sigla em inglês é GNSS).

Um desses sistemas de navegação, o Global Positioning System — mais conhecido por GPS (um conjunto de 24 satélites que foram colocados em órbita pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos, que a partir dos anos 80 foi disponibilizado para uso civil) — indica que a Austrália está cerca de um metro e meio afastada de onde realmente está.

Para corrigir a divergência entre a localização do país e as indicações dos mapas, o Geoscience Australia que pertence ao governo australiano, tem um projeto em curso que pretende atualizar as coordenadas de longitude e latitude do país.

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O projeto AuScope GNSS tem por objetivo definir os dados geocêntricos da Austrália de forma mais precisa, através da construção de 100 estações de GNSS, cada uma a cerca de 200 quilómetros de distância da anterior.

O sistema de coordenadas do país foi atualizado em 1994. Desde então, a Austrália moveu-se cerca de um 1,5 metros para nordeste. A partir do próximo dia 1 de janeiro de 2017, o ponto considerado como centro da Austrália vai deslocar-se cerca de 1,8 metros, com o objetivo de resolver a divergência.

Esta atualização já incorpora os cálculos relativos ao movimento do continente australiano e o local onde se prevê que venha a estar em 2020. Se ocorrerem mais mudanças entretanto, estas serão incorporadas de forma a manter os dados atualizados.

As coordenadas da Austrália enviadas para os mapas do sistema global de satélites vão passar a ser mais exatas. Estes sistemas de localização baseiam-se na posição indicada pelos países em relação às linhas imaginárias verticais (longitude) e horizontais (latitude) — perpendiculares e paralelas à linha do Equador, que “divide” o planeta a meio. Os dados estão desatualizados porque a terra (continentes) se move, mas as linhas não (são imaginárias e não existem realmente).

“Se estas linhas são fixas pode-se colocar uma marca no chão, medir as coordenadas e estas serem as mesmas há 20 anos”, disse Dan Jaksa da Geoscience Australia, ao jornal espanhol ABC. “É a forma tradicional de o fazer”, acrescentou.

Trata-se sobretudo de um problema de falta de precisão e não afeta de forma grave os utilizadores comuns do GPS. Mas pode tornar-se algo muito sério quando os carros sem condutor passarem a ser a norma. Aí, o rigor é fundamental.

“Na Austrália já temos tratores a circular pelos campos sem condutor e se os dados em que se baseia o seu percurso não correspondem às coordenadas indicadas pelo sistema de navegação, poderá haverá problemas”, explicou Dan Jaksa.