No sábado, e na estreia no Rio2016, Usain Bolt só por uma vez pisou o tartan e apurou-se (quase sem suar) para a meia-final de domingo. Aí chegado, foi o que sempre é: vencedor e… provocador. A partida foi assim-assim — para os padrões de Bolt, claro –, mas rapidamente o jamaicano ganhou a dianteira da corrida, tendo tempo para olhar para a pista do lado, sorrir, abrandar antes da meta e, mesmo assim, vencer em 9.84 segundos.

O tempo chegaria para vencer (“de caras”) a final. Uma final onde Bolt era favorito à sua terceira medalha de ouro nos 100 metros em Jogos Olímpicos, depois das vitórias em Pequim (2008) e Londres (2012). Mas de Bolt espera-se sempre algo mais. Esperam-se recordes. Recordes que, curiosamente, ate são dele: o olímpico (9.69 segundos) conseguiu-o em Pequim2008; o mundial (9.58) vem de 2009 e de Berlim, quando aí correu o Campeonato do Mundo.

Não era a sua derradeira tentativa de estabelecer um recorde, calma. Bolt ainda vai correr o Mundial em 2017, na cidade de Londres, e só depois pendurar de vez as sapatilhas. Mas em olimpíadas era a derradeira vez, sim. Depois do Rio de Janeiro, c’est fini. E Bolt de hoje não conseguiu bater o Bolt do passado. Mas bateu quem não é “Bolt”: acabou à frente de Justin Gatlin (9.89 segundos) e de Andre De Grasse (9.91), chegando à meta em 9.80 segundos.

Mas que importa se é recorde ou não? É ouro. E ele é o homem mais veloz que o atletismo algum dia viu. Mais: até final do Rio2016 ainda pode vencer a medalha de ouro nos 200 metros e na estafeta de 4×100 metros. Ao todo, pode”reformar-se” com nove (!) medalhas olímpicas de ouro.

No final da prova de 100 metros, Bolt fez o que sempre faz: com a bandeira jamaicana sobre as costas e atada ao pescoço, ergue o braço esquerdo no ar, indicador estendido, o outro braço, mais atrás, estica-se e aponta ao céu também, os dois lembram-nos um arco e uma flecha, mas o que são é um relâmpago. Ou não fosse ele Lightning Bolt de alcunha. Veloz como um.

Ah, é verdade: a final dos 200 metros é sexta feira às 2h30 da manhã; a da estafeta é sábado, às 2h35, também pela madrugada dentro. Mas vai valer a pena ficar acordado, uma última vez, por Usain.

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