A dois meses do fim da corrida para a Casa Branca, o resultado das eleições presidenciais norte-americanas continua longe de ser previsível. Uma sondagem divulgada esta terça-feira pela CNN dá vantagem a Donald Trump nas intenções de voto, embora com uma diferença muito reduzida sobre Hillary Clinton e ainda dentro da margem de erro. A candidata democrata, no entanto, parece estar em melhores condições para conseguir a maioria dos votos do Colégio Eleitoral, a quem cabe nomear o sucessor de Barack Obama. O desfecho é completamente incerto.

De acordo com a sondagem realizada pela ORC Poll para a CNN, se as eleições fossem hoje, Donald Trump conseguiria 45% dos votos contra os 43% de Hillary Trump. Gary Johnson, do Partido Libertário, reúne 7% das intenções de voto e o ecologista Jill Stein apenas 2%. Ainda assim, esta sondagem deve ser lida à luz de uma amostra de 1.001 pessoas, com uma margem de erro de cerca de 3,5%.

No entanto, há dados curiosos a reter deste estudo. Hillary Clinton, por exemplo, recolhe a preferência das mulheres (53% contra 38%), das pessoas com menos de 45 anos (54% contra 29%) e da larga maioria dos norte-americanos não-caucasianos (71% contra 18%). A candidata democrata lidera também entre os eleitores com maior instrução académica, um dado que ganha mais expressão entre os eleitores caucasianos: 49% dos brancos licenciados prefere Hillary a Trump (36%).

Entre os brancos não-licenciados a tendência inverte-se: Trump lidera com 68% contra 24% de Hillary. A vantagem de Trump verifica-se também entre os eleitores com mais de 45 anos (54% contra 39%) e, de um modo geral, entre os votantes caucasianos (55 a 34%).

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Outros dados importantes a ter em conta. Entre os inquiridos, Trump é considerado o candidato mais honesto (50% contra 35% de Hillary) e o que mais reúne condições para ser um líder forte (50% contra 42%). Os apoiantes de “The Donald” parecem também mais fiéis: quando questionados sobre qual dos candidatos consideram merecer mais confiança, 94% escolhem Trump. Quando a mesma pergunta é colocada aos apoiantes de Hillary Clinton o ceticismo é maior: “apenas” 70% escolhem a candidata democrata.

Clinton em vantagem no Colégio Eleitoral

Uma outra sondagem, divulgada pelo The Washington Post, dá uma vantagem decisiva a Hillary Clinton. De acordo com um inquérito online realizado estado a estado pelo SurveyMonkey, a candidata democrata lidera por quatro ou mais pontos em 20 estados norte-americanos (e no distrito de Columbia), o que lhe daria, se as eleições fossem hoje, 224 votos do Colégio Eleitoral — precisa de 270 para ser nomeada Presidente.

Também Donald Trump colhe a preferência dos eleitores em 20 estados norte-americanos, mas são estados com menor peso no Colégio Eleitoral — a vitória nestas regiões, a confirmar-se, dar-lhe ia apenas 126 votos do Colégio. Nos 10 estados restantes, nenhum dos candidatos tem uma vantagem de 4 pontos percentuais.

O inquérito online do SurveyMonkey foi realizado entre 9 de agosto e 1 de setembro e baseia-se na resposta de 74 mil eleitores registados.

De recordar a importância do Colégio Eleitoral: nas eleições presidenciais de 2000, Al Gore acabou por ser derrotado por George W. Bush, mesmo depois de ter conseguido mais 1 milhão de votos populares do que o candidato republicano. Mas Bush conseguiria conquistar mais estados e mais votos do colégio eleitoral, num processo que teve suspeitas de manipulações de votos à mistura.

Voltando às sondagens. Os dois estudos parecem confirmar uma tendência: depois de algumas semanas desastrosas de Donald Trump no pós-Convenção Republicana, o candidato parece ter recuperado algum fôlego — Hillary Clinton chegou a liderar por 8 pontos. Essa vantagem evaporou-se nas últimas semanas. Os dois candidatos à sucessão de Barack Obama enfrentam-se a 8 de novembro.