O presidente da Câmara Municipal de Monchique, Rui André, disse neste sábado à Lusa que vai pedir ao Governo a descentralização de competências a favor das autarquias sobre algumas matérias relacionadas com a gestão florestal e prevenção de incêndios.

Em declarações à agência Lusa, o autarca disse pretender avançar uma experiência piloto na área do ordenamento do território, gestão da floresta e prevenção estrutural de incêndios florestais a par da aplicação do regulamento do uso da floresta que a autarquia já tem pronto mas ainda não tinha colocado em vigor.

Em termos práticos, Rui André pretende que a autarquia possa ter conhecimento das diversas atividades turísticas, lúdicas ou de extração florestal que decorrem para as poder coordenar e harmonizar, ao mesmo tempo que permite criar faixas naturais de descontinuidade de fogo.

“O concelho de Monchique é muito extenso. Em 2003/2004 arderam mais de 40 mil hectares e agora arderam cerca de mil”, explicou Rui André, sublinhando que a área total ardida na última semana, em Monchique e Portimão, deverá ser na ordem dos 2.200 hectares.

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Recordando as condições do terreno e climatéricas sentidas durante o incêndio, o presidente da Câmara de Monchique considera que a área ardida só não é maior porque houve uma “grande mobilização de meios e a intervenção de todos os agentes da proteção civil”.

Ao longo do perímetro do incêndio, que desde sexta-feira está em fase de rescaldo e consolidação, continuam 579 operacionais, 162 meios técnicos e seis máquinas de rasto, disse, ao final do dia de hoje, o comandante distrital de operações de socorro de Faro, Vitor Vaz Pinto.

O levantamento preciso e exaustivo está a começar, agora que a fase de rescaldo se consolida e, segundo aquele responsável, é possível que a área ardida seja menor após o apuramento de bolsas não ardidas dentro do perímetro total do incêndio. “Isto quer dizer que, felizmente, aquelas que são as nossas maiores riquezas naturais, que são a nossa oferta turística, não ficaram danificadas”, reagiu o autarca.

Rui André explicou que, durante o incêndio, várias zonas de eucaliptos que tinham sido cortados em 2015, acabaram por funcionar como faixas de descontinuidade do fogo que assolou aquele concelho a 03 de setembro e que foi declarado dominado 24 horas depois e reacendeu-se na passada quarta-feira e foi considerado dominado na sexta-feira. De acordo com as autoridades, o incêndio não provocou vítimas nem destruiu habitações tendo consumido maioritariamente mato e eucaliptais.