Praia, 03 out (Lusa) – Os observadores internacionais às presidenciais de domingo em Cabo Verde consideraram hoje que as eleições foram livres e transparentes, mas aconselham a adoção de reformas para incentivar maior participação dos cidadãos.
Nas eleições de domingo, o atual chefe de Estado cabo-verdiano, Jorge Carlos Fonseca, foi reeleito à primeira volta com 92.055 votos (74 por cento) numa votação em que participaram apenas 35.7 por centos dos 361.206 eleitores, segundo os dados provisórios quando falta contar apenas 4 por cento de votos nos círculos eleitorais no estrangeiro.
A votação contou com a participação de missões de observadores da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) e da União Africana.
Em conferência de imprensa hoje, na cidade da Praia, o chefe de missão da CEDEAO, o antigo presidente do Benim Thomas Boni Yayi sublinhou “as condições de liberdade e transparência” e o “clima pacífico” e “sem incidentes” em que decorreu todo o processo eleitoral.
“Este sexto processo de eleição presidencial representa de facto um marco na consolidação das conquistas democráticas do povo cabo-verdiano, demonstra a maturidade de todos os interessados e o funcionamento das instituições”, afirmou Thomas Boni Yayi.
A missão da CEDEAO, composta por 50 membros, marcou presença em 480 mesas de voto (47 por cento) em nove das 10 ilhas cabo-verdianas.
Na avaliação preliminar, o chefe da missão assinalou, por outro lado, a “baixa mobilização dos eleitores” e recomendou que sejam tomadas medidas para incentivar uma maior participação dos cidadãos.
A CEDEAO sugere, nomeadamente, o envolvimento da sociedade civil através de campanhas de sensibilização e a organização de eleições gerais (presidenciais, legislativas e municipais) em simultâneo para reduzir custos e “suscitar mais interesse nas eleições”.
A missão propõe ainda às autoridades cabo-verdianas que considerem a possibilidade de introdução do voto eletrónico.
Thomas Boni Yayi elogiou o profissionalismo na organização do escrutínio e manifestou o desejo de que a experiência possa ser partilhada com os países homólogos da CEDEAO.
Também o chefe da missão de observadores da União Africana (UA), o ex-presidente da República da Guiné-Bissau, Serifo Namadjo, considerou que as eleições “foram livres e justas”.
“O processo decorreu na normalidade. Constatamos que nas mesas os técnicos da Comissão Nacional de Eleições (CNE) eram pessoas bem preparadas para o efeito e também não houve nenhuma situação registada que pudesse indiciar alguma fricção ou outro problema”, disse.
Em declarações à Rádio de Cabo Verde (RCV), antecipando a conferência de imprensa sobre os resultados da missão que realizará terça-feira, na cidade da Praia, Serifo Namadjo apontou igualmente a abstenção como o ponto mais negativo do escrutínio.
Por isso, recomendou medidas que conduzam a um maior envolvimento dos cabo-verdianos em próximas eleições.
“Acredito que seja uma tarefa de todos. Políticos, sociedade civil e a própria população devem engajar-se mais na consolidação desse processo que deve melhorar ao longo dos anos, resultando num maior interesse das pessoas pela política e pela escolha dos seus responsáveis”, sustentou.
A missão da UA inclui 29 elementos e acompanhou as eleições em sete das nove ilhas de Cabo Verde.