A União Europeia (UE) condenou este domingo o assassínio de Jeremias Pondeca, um dos membros da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) nas negociações de paz, considerando que “a violência nunca pode ser uma alternativa ao diálogo pacífico”.

Num curto comunicado, a UE apresenta condolências a familiares e amigos da vítima e considera “importante que as autoridades não poupem esforços para levar os responsáveis por este crime a responder perante a justiça”.

“A violência nunca pode ser uma alternativa ao diálogo pacífico quando se tenta chegar a uma solução sustentável num conflito político”, refere o texto, acrescentando que todas as partes “devem continuar empenhadas nas negociações de paz” em Moçambique “e evitar ações que ponham em perigo um processo apoiado pelo povo moçambicano”.

Jeremias Pondeca foi assassinado no sábado em Maputo, disse hoje à Lusa o porta-voz do maior partido de oposição.

“A polícia confirmou que o seu corpo foi encontrado ontem por volta das 07:00 (06:00 em Lisboa), mas só foi identificado hoje”, disse António Muchanga, referindo que o ex-deputado foi atingido por várias balas.

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As negociações de paz são retomadas segunda-feira e a União Europeia integra a equipa de mediadores internacionais, que é coordenada pelo italiano Mario Raffaelli.

A região centro de Moçambique tem sido palco de confrontos entre o braço armado do principal partido de oposição e as Forças de Defesa e Segurança e denúncias mútuas de raptos e assassinatos de dirigentes políticos das duas partes.

As autoridades acusam a Renamo de uma série de emboscadas nas estradas e ataques em localidades do centro e norte de Moçambique, atingindo postos policiais e também assaltos a instalações civis, como centros de saúde ou alvos económicos, como comboios da empresa mineira brasileira Vale.

Alguns dos ataques foram assumidos pelo líder da oposição, Afonso Dhlakama, que os justificou com o argumento de dispersar as Forças de Defesa e Segurança, acusadas de bombardear a serra da Gorongosa.

A Renamo exige governar em seis províncias onde reivindica vitória nas eleições gerais de 2014, acusando a Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder há mais de 40 anos) de ter cometido fraude no escrutínio.