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Hillary vs Trump (Parte 3): A estratégia para investir a longo prazo

Este artigo tem mais de 5 anos

O consultor Carim Habib sugere a estratégia de investimento de médio prazo que irá capitalizar com o evento político-económico criado pela provável eleição de Hillary Clinton nos EUA.

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Getty Images

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1. Hillary vence as eleições

Na reta final da campanha eleitoral, e após o derradeiro debate de Las Vegas, que claramente foi um marco pouco relevante com vista a apurar o vencedor, considero que existe uma elevada probabilidade (superior a 75%) de Hillary Clinton ser eleita a próxima Presidente dos EUA. Este é o meu cenário central e fundamento-o com base em 3 pressupostos centrais:

a) Financiamento

Historicamente, este fator tem um peso muito significativo, sobretudo quando o incumbente não está na corrida (ver artigo 1). De acordo com os novos dados disponíveis relativamente aos montantes de financiamento – 11 de Outubro –, Hillary obteve $‎529 853 211 vs. $‎ 209 566 389 obtidos por Trump (ver dados de financiamento). A capacidade de financiamento de Hillary é francamente superior à do seu opositor, e, atendendo também ao desempenho em campanha de Trump, que tem sido no mínimo claudicante, é expectável que este diferencial se amplie fortemente nas próximas semanas.

b) Trump: “Dead Man Walking”

Tem sido manifesta a incapacidade de Trump de obter financiamento, definir uma linha programática coerente, e de reunir à sua volta apoio republicano credível. Faltam à sua campanha nomes fortes, como Paul Ryan, Mitt Romney, Collin Powell, ou Condoleezza Rice, apenas para citar alguns. Por vezes, até Mike Pence (candidato republicano a VP) se mostra inseguro a defender a linha política seguida por Trump. Durante grande parte do verão e, novamente, agora, após os mais recentes desastres mediáticos, especulou-se sobre a possibilidade de Trump desistir (ou ser forçado a fazê-lo). Apesar de ser um cenário teoricamente apelativo para muitos, a desistência de Trump iria constituir um problema técnico eleitoral que não era do interesse do partido republicano, na medida em que não seria permitida a sua substituição por um outro candidato. Trump está consciente de que as suas reais possibilidades de chegar à Casa Branca são, nesta fase, muito reduzidas e entrou numa espiral narrativa de absoluto desespero. O candidato republicano aposta, acima de tudo, na possibilidade de Hillary ter um episódio clínico em alguma aparição pública e poder capitalizar esse efeito junto de algum eleitorado. Trump parece estar a preparar desde já o tempo pós-eleitoral que poderá indiciar um cenário de cisão do partido republicano.

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c) Matemática Eleitoral

A eleição do Presidente americano baseia-se num modelo que se pode caracterizar de binário (o vencedor leva todos os votos disponíveis) de cada estado (50 estados + District of Columbia) com o objetivo de atingir 270 votos, num total de 538, no colégio eleitoral. As sondagens nacionais da chamada preferência popular, em bom rigor, relevam bem menos do que geralmente se crê. A informação disponível aponta para que Hillary tenha uma forte probabilidade de atingir 322 votos (vs. 216 de Trump) no colégio eleitoral. Para tal, terá de vencer os seguintes swing states, obtendo um total de 66 votos: Florida (29), Carolina do Norte (15), Nevada (6), New Hampshire(4), Minnesota (10), Maine (2) (ver mapa eleitoral). Esta análise é, em meu entender, prudente, uma vez que considero que Trump poderá ter um resultado inferior àquele que se pode inferir atualmente das sondagens de alguns estados.

2. Long Hillary / Short Trump

No último artigo desta trilogia sobre as eleições americanas, proponho-me apresentar aos leitores uma estratégia de investimento de médio prazo que irá capitalizar com o evento político-económico criado pela eleição de Hillary como Presidente do EUA. Ainda assim, mesmo atendendo a que a contingência de Donald Trump vencer as eleições seja, em meu entender, um evento de baixa probabilidade, irei apresentar também uma estratégia de cobertura de risco (Hedging). Sublinho que este é um exercício meramente académico, não constituindo uma recomendação de investimento de nenhuma natureza.

a) Long Hillary

Com a eleição de Hillary perspetiva-se a redução significativa do risco político dos EUA induzindo a descida da volatilidade financeira e incerteza global. Espera-se de Hillary a materialização do perfil “a safe pair of hands” no comando da Casa Branca. A sua ação governativa será marcada pela continuidade, estabilidade e previsibilidade. A nível interno, Hillary estará particularmente focada numa agenda programática com vista ao reforço das matérias sociais, como a criação de emprego, qualificação profissional da força de trabalho e aposta no Small Business. No seguimento da política do Presidente Obama, reforçará os serviços e cuidados saúde e implementará um plano estratégico de requalificação de infraestruturas. Irá promover uma alteração do quadro fiscal em vigor, exigindo maior esforço aos contribuintes de elevados rendimentos (grandes empresas e particulares). Finalmente, estou convicto que haverá um aperto do ambiente regulatório e da concorrência. No plano externo, as prioridades serão um posicionamento mais assertivo (especialmente perante alguns atores políticos e em certas regiões), uma liderança mais agressiva no combate ao terrorismo, e, finalmente, a consolidação do comércio internacional.
Para executar esta visão escolhi 5 fundos índice de ações (ETFs) que representam sectores e regiões que, em meu entender, e no médio prazo (3 anos), poderão capitalizar os resultados destas políticas. Os instrumentos propostos têm custos baixos, elevada liquidez e são simples de transacionar em bolsa.

b) Short Trump

A construção eficiente de uma estratégia de cobertura de riscos (comprar proteção ou um seguro) assenta na escolha de instrumentos financeiros que tenham uma elevada aderência à direção e dimensão (correlação e beta) do evento que pretendemos proteger. Procura-se que o custo global desta proteção seja o mais baixo possível face ao potencial resultado obtido. A vitória de Trump representa incerteza política, unilateralismo, protecionismo e instabilidade na ordem internacional. Assim, o 1º efeito esperado será a forte subida da volatilidade dos mercados acionistas americanos e dos mercados financeiros em geral. Como efeito de 2ª ordem, podemos considerar que uma política de protecionismo comercial a adotar pelo governo americano terá uma consequente resposta da China, Japão e UE sob a forma de novas guerras aduaneiras. Este cenário de fechamento global seguramente afetará em forte medida as empresas alemãs, muito expostas ao mercado das exportações a nível global. Finalmente, antecipo também que o Peso Mexicano (MXN) irá sofrer uma forte desvalorização após uma vitória de Trump. O acordo comercial NAFTA irá ser revisto (ou revogado), havendo uma significativa redução das trocas comerciais e do investimento direto americano no México, prevendo-se portanto um choque muito significativo na economia e finanças mexicanas. Com base nestes pressupostos, desenhei a seguinte estratégia de cobertura macro:

3. Epílogo

Após as eleições presidenciais americanas, acontecimento político do ano de 2016, ocorrerão vários eventos com impacto não negligenciável nos mercados financeiros globais em 2017. Com efeito, o próximo ano reserva-nos um intenso calendário de riscos políticos, alguns deles potencialmente capazes de se traduzirem em crises; e as crises oferecem, muitas vezes, grandes oportunidades.

Carim Habib detém a sociedade de consultoria para o investimento Dolat Capital. É ex-consultor do Deutsche Bank, da Caixa – Banco de Investimento e do ING Investment Management.

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