A Sérvia pediu oficialmente a França, esta terça-feira, a extradição do ex-primeiro-ministro do Kosovo Ramush Haradinaj, cuja detenção na semana passada por alegados crimes de guerra reavivou tensões entre Belgrado e Pristina.

Haradinaj foi detido a 4 de janeiro em França, num aeroporto perto das fronteiras com a Suíça e a Alemanha, em cumprimento de um mandado de detenção internacional emitido pela justiça sérvia em 2004.

Enviámos o pedido [de extradição] com a documentação necessária traduzida para francês”, disse um responsável do Ministério da Justiça sérvio à agência France Presse, pedindo anonimato.

A Sérvia acusa Haradinaj de crimes de guerra contra civis no final dos anos 1990, quando liderou a guerrilha albanesa que combateu as forças sérvias pela independência do Kosovo. Haradinaj já foi julgado — e absolvido — duas vezes no Tribunal Penal para a ex-Jugoslávia, em Haia.

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Dois dias depois da detenção, o primeiro-ministro do Kosovo, Isa Mustafa, afirmou que mandados de detenção como este são “completamente ilegais e injustos” e têm como consequências “provocar tensões e conflitos” e “prejudicar o processo europeu [de integração] da região”.

Cerca de 13.000 pessoas foram mortas na guerra do Kosovo (1998-1999), antiga província sérvia de maioria albanesa. Em 2008, o Kosovo declarou unilateralmente a independência, a qual não é reconhecida pela Sérvia nem pela Rússia.

Haradinaj liderou a guerrilha separatista do Exército de Libertação do Kosovo (UÇK) na guerra de 1998-99, exerceu brevemente as funções de primeiro-ministro entre 2004 e 2005 e é atualmente líder de um partido político da oposição.

Na sequência da detenção, deve ser presente a um tribunal francês na quinta-feira, segundo fonte judicial francesa citada também pela France Presse.