O secretário-geral da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) desdramatizou esta segunda-feira a pressão que possa existir dos mercados financeiros, considerando que os mercados “estão sempre nervosos” e que não se pode governar com base na evolução diária nos mercados.
“Os mercados financeiros têm uma característica quase inalterada. Estão sempre nervosos. Estamos todos habituados a isso. O que não podemos fazer é governar e fazer política económica com base nos resultados da taxa de câmbio, da taxa de juro e dos resultados da bolsa no dia. Temos de ter uma visão de médio e longo prazo e tomar decisões para esse médio e longo prazo”, afirmou Angel Gurría esta segunda-feira em Lisboa.
Em Lisboa para apresentar o relatório sobre a economia portuguesa da OCDE, Angel Gurría até começou com uma brincadeira sobre o número de ministros presentes no salão nobre do Ministérios das Finanças: “Senhor ministro, senhor ministro, senhor ministro, senhor ministro… Hoje o Governo não trabalha, estão todos aqui”, disse, no seu jeito habitualmente bem disposto.
Mas apesar dos seus habituais elogios, Angel Gurría deixou um recado às autoridades portuguesas: Portugal alcançou progressos notáveis, mas não se pode acomodar e deve levar a cabo uma nova vaga de reformas para aumentar o crescimento da sua economia.
Por isso, pela necessidade de fomentar o crescimento económico, a produtividade e, em última instância, o bem-estar dos portugueses, implica que o Governo mantenha o ímpeto reformista e que faça o trabalho de casa. O relatório apresentado, diz, já apresenta várias hipóteses de mudanças que podem ser feitas para tornar a economia mais competitiva.
Angel Gurría considerou também que o saldo primário positivo, que o Governo estimou esta segunda-feira que seja superior a 2%, é um feito “grandioso”, o primeiro em 25 anos.