Quando escrevíamos cartas como principal meio de comunicar à distância, usávamos a pontuação para expressar com maior precisão as nossas histórias. Quando vieram as mensagens instantâneas e os telemóveis começaram a ser presença habitual nas nossas mãos, habituámo-nos aos emoji. Agora, com a Internet, há um novo formato de transmitir histórias: os memes.

O Observador já contou, no artigo “Memes, um fenómeno viral que a Biologia sabe explicar”, que um “meme” e um “gene” partilham mais características do que os internautas possam imaginar. Para descobri-lo, há que folhear “O Gene Egoísta”, um dos livros científicos mais influentes do século XX. A conclusão dessa obra é simples: assim como um gene transporta informação que é transmitida geração atrás de gerações podendo ou não ser expressa, um “meme” transporta uma memória ou um conhecimento (por exemplo, um traje, uma canção popular, uma receita típica, a linguagem ou um comportamento) que é passado de mente em mente, geração após geração. E aos memes acontece o mesmo que aos genes: passam por um processo de selecção natural. Se não forem aptos a sobreviver e disseminar-se, então desaparecem. E esse pedaço de conhecimento desaparece.

Memes, um fenómeno viral que a Biologia sabe explicar

Esta é a definição de Richard Dawkins, um etólogo e biólogo evolutivo britânico que em 1976, quando lançou “O Gene Egoísta”, não sabia que esse conceito havia de ser recuperado quando a Internet tivesse ganhado raízes um pouco por todo o mundo. Agora, um “meme” é uma fotografia que, acompanhada por uma história, torna-se numa anedota da Internet que pode tornar-se viral. De acordo com a memética — um ramo que, assim como a genética estuda os genes, debruça-se sobre os memes — “não importa se uma ideia ou conceito é verdadeiro ou não: importa como consegue alcançar sucesso com o seu potencial de transmissão e contágio”. Michele Coscia, especialista em Humanidades Digitais na Universidade de Harvard, vai mais longe e diz que, para um “meme” ser viral, deve “ter algo de peculiar que o faz distinto dos que já estão a ser partilhados”.

Mas como funciona este mundo dos “memes”? Em locais como o 9GAG, o Reddit, o Twitter e por aí adiante, há imagens famosas que significam coisas diferentes: para contar uma determinada história, dependendo do seu conteúdo, pode escolher o “Grumpy Cat” para contar uma história de impaciência, a “Overly Attached Girlfriend” para contar uma história de obsessão, o “Bad Luck Brian” para falar de uma história de azar ou o “Socially Awesome Awkward Penguin” para contar uma história que pode ser boa ou má, dependendo da perspetiva. Todos esses “memes” foram protagonizados por pessoas ou animais cujas fotografias fizeram voar o imaginário dos internautas mais criativos. Veja o que é feito desses protagonistas na fotogaleria em cima.

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