Uma equipa de cientistas descobriu em Marrocos restos mortais com 300 mil anos que alegam pertencer aos primeiros “Homo sapiens”, a espécie humana como nós a conhecemos. Estes vestígios são 105 mil anos mais antigos do que os restos mortais encontrados em alguns pontos da Etiópia, os primeiros de que havia registo até agora.

Os restos mortais do “Homo sapiens” foram encontrados em Jebel Irhoud, um local de escavações arqueológicas a ocidente de Marraquexe, em Marrocos, onde os mineiros encontraram há 57 anos cavidades habitadas no Paleolítico. Até agora, tinham sido descobertos fósseis humanos e ferramentas afiadas de pedra que foram datadas em 160 mil anos. Agora, o paleontólgo Jean-Jacques Hublin desenterrou fragmentos de um crânio e de uma mandíbula que, sugerem as tecnologias de ponta utilizadas pelos arqueólogos, têm 300 mil anos.

De acordo com o diretor do Instituto Max Planck, um Homo sapiens de há 300 mil anos é muito semelhante ao Homem da atualidade, mas tinha o crânio mais achatado porque o seu cérebro não era tão evoluído. Essa característica é suficiente para os cientistas se protegerem e, até provas mais evidentes serem estudadas, dizerem que estes fragmentos ósseos são “pré-sapiens”. O geneticista Carles Lalueza-Fox, que teve origem ao ADN destes fósseis, diz que “haver restos parecidos aos dos primeiros Homo sapiens não é compatível com o facto de que todas as estimativas genéticas continuam a situar a origem da diversidade genética em 200 mil anos atrás”. Isso, no entanto, também pode sugerir que pode ter havido vários indíviduos de espécies humanas diferentes a conviver nesse espaço temporal.

A evolução que conduziu este Homo sapiens àquilo em que a espécie humana se tornou agora ocorreu em todo o continente africano. A serem confirmadas, como realça o estudo publicado esta quarta-feira na revista científica Nature, estas conclusões são muito importantes para traçar a rota evolutiva do ser humano: até agora, os mais antigos registos fósseis que tínhamos da origem da espécie humana datavam de há 195 mil anos. Isso implicava que havia um grande espaço em branco entre os registos das espécies humanas mais antigas e os registos fósseis da espécie “Homo sapiens”.

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