As bandeiras e demais parafernália náutica desapareceram das paredes, sinal de que o Peter Café Sport já não mora na Marina de Oeiras. Quando a dona do café do lado viu que aquele espaço amplo, junto ao mar, ia ficar vazio, tratou de o agarrar para si. Meio ano de obras depois, nasce o restaurante Charkoal, com carta concebida pelo chefe Cordeiro e focada em pratos cozinhados na brasa.

“Porque é muito saudável”, resume o chefe (é assim mesmo que se apresenta, à portuguesa, e não chef), sobre a opção de atrair os clientes com carne e peixe feitos no carvão, em vez de apostar numa cozinha gourmet. “Aqui temos um grill mais de design.” A decoração aposta nos tons brancos, para fazer sobressair ainda mais a luz que entra na sala toda envidraçada. O bar é feito em pedra oxi que, à noite, fica toda iluminada.

Antes de se atirar para o Charkoal, Aldina Almeida já era dona do Cup of Joe, o snack bar do lado. E trabalha com jóias e relógios. Negócios bem diferentes, observamos. A proprietária argumenta que “está tudo interligado”. Como? “Com este espaço queremos vender um pouco o sonho. É como uma jóia, que tantas vezes serve para assinalar um momento especial, e que tem de ser bonita, valiosa. O restaurante acaba por ser a mesma coisa, se saímos de casa para jantar convém que seja num sítio agradável, com conforto. Apostámos nisso.”

No bar há cervejas artesanais, cocktails, conhaques, vinhos e champanhes. © JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Se na sala interior cabem 75 pessoas, a esplanada acrescenta ao restaurante mais 180 lugares. Nos dias de calor, é o lugar mais apetecível, graças à proximidade do mar. Animais são bem-vindos à esplanada e as crianças têm insufláveis e muito espaço por perto para brincarem á vontade.

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O ar de requinte pode dar a ideia de que, antes de sentar no Charkoal, é preciso ter o livro de cheques preparado. Não obrigatoriamente. Ao almoço de segunda a sexta-feira há sempre pratos do dia, quase todos de peixe do mais fresco que houver na lota e quase todos por 10,50€. Na carta, o chefe Cordeiro destaca as espetadas, quer a de lulas, camarão e chouriço (14€), quer a trilogia de peixes (14,50€). “Saem num suporte muito bonito em ferro, são top e dão praticamente para duas pessoas.”

Tal como no Blini, que abriu em Vila Nova de Gaia no ano passado, o chefe Cordeiro também sugeriu que o novo restaurante tivesse um aquário. “O cliente quer lavagante ou lagosta, vai ao aquário e escolhe“, explica. José Cordeiro vai dando algum acompanhamento ao Charkoal, mas quem vai estar na cozinha todos os dias é António Simões. Os dois estiveram a trabalhar juntos durante um mês e, juntos, fizeram alguns ajustes na carta que o chefe Cordeiro tinha desenhado inicialmente.

A espetada trilogia de peixes. © JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

É precisamente António Simões quem chama a atenção também para os pratos de tacho. “Temos as gambas em molho de pimenta cayenne (17€), o peito de pato na frigideira com puré de abóbora assada e legumes (13,90€) e o bife à portuguesa [lombo de novilho, 19,50€]”.

Já que estamos nas carnes, destaque para o costeletão de carne maturada a 45 dias para duas pessoas (48,50€), a espetada mista de carnes na brasa (14€), um bife da vazia maturado a 15 dias (19€), picanha na brasa à Charkoal (15,50€) e “um frango pequenino servido numa tábua, parecido com o franguinho da guia” (12,50€).

A carta é extensa e inclui uma secção de petiscos, onde se encontram, por exemplo, as ameijoas à Bulhão Pato, os mexilhões e as gambas, que tão bem sabem à beira-mar. Nas sobremesas, a preferida de Cordeiro é a trilogia de mousses: lima, chocolate e frutos silvestres (5,50€). O mil folhas de morangos e frutos do bosque com nata fresca também chama a atenção (6€).

Até às 23h, a cozinha prepara sempre todos os pratos da carta. Entre as 23h e as 02h é que já só saem hambúrgueres, saladas, tostas e wraps, mexilhões. “E a nossa sopa de peixe, que vai estar sempre disponível”, acrescenta Aldina Almeida. “Aquela sopa é um clássico meu, que deixei de fazer durante 10 anos e resolvi colocá-la agora em Oeiras”, conta José Cordeiro. Quem vê o prato a passar vai pensar que é um folhado gigante, mas não. É mesmo uma sopa, de caldo apurado e que leva garoupa e camarão 20/30.

A carta de bar inclui 11 sugestões de gin. © JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

O Charkoal abriu há duas semanas e ainda não fez qualquer ação de divulgação, nem página de Facebook tem. Mas, quando o Observador lá esteve, o espaço estava praticamente cheio. “Logo no primeiro dia servimos 40 e tal pessoas, ao jantar 80 e tal”, conta o chefe Cordeiro. Ao passear pela marina, é difícil não reparar no espaço, que outrora era famoso pelos gins do Peter Café.

Não seja por isso. A carta de bar tem 11 sugestões de gin, desde o mais comum Tanqueray Dry London a marcas como a Oxley ou Monkey 47. Os cocktails do costume — cosmopolitan, irish coffee e margarita, por exemplo — misturam-se com receitas secretas, como o cocktail Charkoal, com ou sem álcool.

Vinho do Porto, conhaques, aguardentes, licores e uma carta de vinhos extensa, onde se inclui uma garrafa de Moet & Chandon individual (200ml, 25€) ilustram a aposta que o espaço faz na componente de bar. “Vamos dinamizar a esplanada já este mês com sunsets, com DJ residente uma vez por semana, em principio à sexta-feira”, adianta o chefe Cordeiro. Quanto a festa de inauguração, essa só deverá acontecer na rentrée. “Estamos a pensar fazer em setembro uma festa de inauguração daquelas a rebentar.” Fica a promessa.

Nome: Charkoal
Morada: Marina de Oeiras, Estrada Marginal, Praia da Torre, 2780-267 Oeiras
Horário: Todos os dias das 11h00 às 02h00
Telefone: 21 441 4437
Preço Médio ao jantar: 25€ – 35€